27 de out. de 2008

Cruzeiros: aumenta a oferta e o debate


No último dia 23 de outubro, na abertura da ABAV 2008, o presidente da CVC Valter Patriani deu uma polêmica entrevista ao Panrotas Jornal. Os resultados então foram grandes discussões de 3 temas inerentes ao assunto: a legislação vigente que afeta os cruzeiros internacionais, a fatia desse mercado que é a moda do turismo nacional atual e o retorno da discussão sobre a sustentabilidade dos cruzeiros.

Vamos primeiro à declaração de Valter Patriani:

A cerca de 3 meses, durante o Encontro Nacional das Agências de Viagens 2008 (AVIRRP) em Ribeirão Preto, Patriani havia afirmado para cerca de 2 mil agentes de viagens de todo Brasil que a CVC já havia comercializados 70% das cabines de seus 6 navios na temporada 2008/2009.

O mercado de cruzeiros continua em franco crescimento, na ordem de 20% anuais segundo a Costa Cruzeiros. Em Santos, haverá um crescimento na ordem de 8% em movimentação financeira (R$ 140 mi, contra R$ 130 mi) e relação a temporada passada.

Porém, segundo Patriani, as italianas Costa Cruzeiros e MSC Cruzeiros, estão com perspectivas de crescimento de oferta na ordem de 80% e 32% respectivamente, incluindo a vinda de uma nova empresa trazida pela Costa Cruzeiros, a Ibero Cruzeiros, especialista no público jovem.

Para Patriani, haverá a quebra do equilíbrio que o mercado de cruzeiros têm atualmente no país e que o excesso de oferta trará diminuição na lucratividade de todas as companhias que trabalham com esse tipo de atividade no país.

O principal questionamento de Patriani na verdade, é a liberdade que as multinacionais têm para aumentar a oferta na proporção que está sendo divulgada. Segundo ele, as conseqüências seriam a diminuição da taxa de ocupação dos hotéis no Brasil que, ao contrário dos navios dos europeus, quando termina a temporada não podem transferi seus hotéis para Europa.

Além disso, Patriani defende o aumento do número de funcionários brasileiros na tripulação e contrapartida em prol do turismo nacional, citando o exemplo da própria CVC e da Nascimento Turismo, que fretam navios e vendem no Brasil, ou seja, o dinheiro fica no país, ao contrário do capital que entra nas duas multinacionais italianas.

Patriani pede ainda que governo exija uma contrapartida das companhias marítimas internacionais, para o desenvolvimento do turismo nacional, por exemplo trazerem seus navios vinculados a alguma operadora brasileira e ter mais brasileiros trabalhando a bordo.

O presidente da CVC finaliza que não é contra os cruzeiros e não tem medo da concorrência (atualmente a oferta de cabines da CVC é semelhante a da Costa e MSC), mas sente que esse excessivo da oferta poderá causar o desajuste do mercado de cruzeiros que hoje se encontra muito equilibrado.


1º A Legislação vigente que afeta os cruzeiros internacionais

A Associação Brasileira de Representantes de Empresas Marítimas – ABREMAR aproveitou a exposição do tema para entregar um documento manifesto as autoridades que regulam o tráfego marítimo do país para reivindicar um imposto que afeta diretamente os cruzeiros internacionais que passam pelo país.

Segundo a legislação vigente, caso um navio faça escala em 2 portos nacionais, é considerado cabotagem, ou seja, navegação de trânsito doméstico, fazendo com que vários processos burocráticos e, principalmente, tributários sejam obrigatórios para os navios.

O resultado disso é a inviabilidade das empresas colocarem mais de 1 porto para fazer escala nos cruzeiros internacionais no país, fazendo com que o país deixe de ganhar milhões em renda para as localidade onde os turistas desembarcam para passeios e compras.

A carga tributária é tão alta que um navio com 500 tripulantes tem que desembolsar mais de R$ 250 mil caso queira fazer 2 escalas no país. O fato fez que houvesse uma queda de 53% no número de escalas no país em 4 anos.


2º A fatia do mercado moda do turismo nacional

Para Eduardo Nascimento,da Nascimento Turismo, o cálculo do presidente da CVC sobre o mercado para cruzeiros está equivocado. Para Nascimento, atualmente apenas 2% do mercado potencial de cruzeiros é utilizado no país, ou seja, o mercado irá absorver tranquilamente a vinda dos novos navios

Ele ainda diz que a preocupação de Patriani é referente a vinda das empresas que a CVC freta os navios e não uma questão de falta de mercado.

Dado Nascimento, da Sun&Sea, concorda com Patriani somente na questão do aumento excessivo na oferta de cruzeiros que poderá prejudicar o turismo nacional, mas pensa que não é o caso atual.
Para ele o mercado cresce de forma natural e defende o comprometimento das empresas italianas, pois, ambas aumentaram a duração da temporada, agora serão 8 meses (de outubro de 2008 a maio de 2009) e que isso é uma prova concreta desse comprometimento com o país.

A MSC Cruzeiros (que irá ofertar 300 mil leitos na próxima temporada) pensa que as palavras de Patriani são um desabafo de um problema comercial entre a CVC e a Costa Cruzeiros, já que está trará seus navios para o Brasil e não mais fará frete a CVC.

Roberto Fusaro, diretor geral da companhia, disse que o Brasil é o segundo mercado do mundo para a empresa (que é uma das maiores do mundo) perdendo apenas para o Mediterrâneo e que o crescimento da empresa para temporada que vem de 33% é facilmente absorvido no mercado.

Fusaro lembra ainda que a CVC cresceu nada mais nada menos do que 63% em relação à última temporada e que todo esse alarde é em relação a perda de 3 de seus 6 navios.

A Costa Cruzeiros ainda não se manifestou, mas já prepara uma carta com seu posicionamento quanto ao tema. A gigante italiana dos cruzeiros tem no Brasil entre 7% e 8% de seus faturamento e na temporada que vem pretende atingir 10%.


3º: O retorno da discussão sobre a sustentabilidade dos cruzeiros

Patriani se diz preocupado com a taxa de ocupação dos hotéis e resorts no Brasil caso a oferta de cabines seja muito grande na próxima temporada.

Defende também maior contratação de brasileiros como tripulantes e que, pelo menos, a venda das cabines seja feita por alguma operadora nacional, para que haja uma contrapartida ao país pelas empresas que sugariam os lucros no país em plena alta temporada e, quando esta acabar, voltará à Europa para a temporada de lá.

Alexandre Zubaran, presidente da Resorts Brasil, se manifestou sobre o ponto de vista da sustentabilidade desta mudança no mercado. "Temos vergonha, como bons subdesenvolvidos, de pedir proteção a nossa indústria, mas a Itália não tem vergonha de taxar nossa banana e os Estados Unidos nossa laranja; e se banana e laranja não são produtos sofisticados, eles taxam também nosso etanol", explica ele. "Nunca critiquei as empresas brasileiras e parecia que eu defendia a CVC, mas a CVC vende Brasil o ano todo. As companhias marítimas estrangeiras chegam sem regras e concorrem assimetricamente com os hotéis,que estão aqui o ano todo", continua ele.

Finaliza defendendo um debate sócio econômico “sem banalização” entre operadoras turísticas, empresas marítimas e resorts em prol do turismo nacional.


Verdadeiros hotéis (ou cidades) móveis, os cruzeiros levam entre mil e 4 mil pessoas entre destinos turísticos.

Americanas (Royal Caribean), italianas (MSC e Costa) e espanholas (Ibero) já operam no Brasil. Outras planeiam vir a esse que é o segundo mercado de várias grandes companhias do setor.

O mercado de cruzeiros nunca foi tão promissor e nunca se fez tão necessário sua reflexão.

Os 3 temas: legislação, mercado e sustentabilidade são claros e muito discutidos pelas principais autoridade em MERCADO do turismo nacional.

Eis então que viemos, turismólogos, para elevar o debate e vislumbrarmos as verdadeiras ambições em cada discurso, se é comercial, ideológico ou político.

A atividade já merece uma revisão de legislação dado o fato de seu crescimento? O aumento da oferta é excessivo? Você apóia a vinda das multinacionais? Quais são os benefícios e malefícios dessas empresas multinacionais no país? Qual é o nível de sustentabilidade dos cruzeiros atualmente no país?

Abraços e boa discussão.

14 de out. de 2008

TURISMO CEMITERIAL



Mara Inez Ludwig Valio



O tema escolhido pode não ser dos mais amenos, contudo, o turismo de cemitérios tem crescido muito ultimamente, principalmente no Brasil, e, por isso, achei interessante descrever alguns aspectos relacionados à nossa “última e inevitável viagem".
Todavia, antes de adentrar em nosso assunto propriamente dito, gostaria de escrever algo sobre algumas particularidades que descobri, quando das pesquisas realizadas para conhecer um pouco mais sobre o turismo cemiterial.
Fiquei surpresa, por exemplo, quando tomei conhecimento dos avanços tecnológicos dos serviços póstumos no Brasil e verifiquei que, atualmente, temos muitas empresas funerárias de última geração, a exemplo do que ocorre, já há algum tempo, nos países mais desenvolvidos economicamente.
Se não fosse trágico seria engraçado: as cerimônias fúnebres estão se tornando virtuais! É isto mesmo! Podem ser acompanhadas pelo público interessado em suas residências ou nos escritórios como se todos os mortos fossem celebridades, cujos enterros sempre foram televisionados e vistos no mundo todo.
O fato é que são oferecidos, hoje em dia, serviços "on-line" para velórios e enterros, via Internet, em várias cidades brasileiras. Ou seja, os cemitérios se renderam à informatização!
Agora, os familiares e amigos daqueles que "passaram desta vida para uma melhor", podem assistir na tela de seu computador, no conforto dos seus ambientes particulares, as imagens de todo o evento funerário. Portanto, quem não conseguir chegar a tempo para o velório ou ao sepultamento, não fica mais impedido de participar das homenagens, bastando para isso estar ligado à Internet.
Até os pêsames são virtuais e podem ser dados em tempo real. Ao lado das imagens ao vivo da cerimônia, o interessado tem um endereço para encaminhar e-mails com condolências. As mensagens são impressas por funcionários do cemitério e entregues na mesma hora aos familiares de luto.
O cemitério Memorial Necrópole Ecumênica, por exemplo, o maior cemitério vertical do mundo segundo o "Guinness Book", situado em Santos, no litoral de São Paulo (www.memorialcemiterio.com.br) oferece, também, dentre outros confortos aos familiares, visitas virtuais às sepulturas dos seus parentes e amigos queridos.
Em uma hora combinada uma câmera é instalada em frente ao jazigo indicado e as imagens ficam em uma página, na qual o contratante dos serviços tem uma senha para fazer o "passeio". Poderá ainda, o interessado, escolher e ver as flores que gostaria de depositar no túmulo. As flores são encomendadas também pelo computador e pagas com boleto bancário ou pela internet, é claro.
O Morada da Paz, cemitério da cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, com unidade também no Estado de Pernambuco, oferece igualmente o serviço de filmagens, dentre outras "amenidades" para momentos tão tristes. Busca agora oferecer aos seus clientes a possibilidade de acompanhar as cerimônias fúnebres de vários ângulos diferentes, mediante quatro novas câmeras que estão sendo providenciadas.
Além de instalações com capelas mais luxuosas, para atender aos “clientes vips”, alguns cemitérios estão oferecendo suítes de luxo com vistas á acomodação dos familiares para a noite do velório, com direito até a escolha de “buffet” e tudo mais. Todos aqueles cujo endereço na Internet visitei, vendem ou alugam lotes, terrenos, espaços verticais, etc., para a construção dos jazigos, individuais ou familiares. Tudo feito “on line”. Pode-se abrir um mapa do local na tela do computador e escolher exatamente o local do seu “endereço eterno”. A maioria oferece financiamento ou parcelamento.
Também muito interessante é um site (www.meuultimoemail.com), cujos serviços permitem que, após a morte, uma pessoa faça "surpresa" aos amigos vivos. Estes poderão receber um e-mail, a qualquer momento, de um remetente que já deu adeus à vida terrena. É isso mesmo: este endereço permite que os usuários escrevam mensagens antes de morrer, é claro, e que serão entregues às pessoas previamente designadas. Era só o que faltava no mundo da cibernética: receber e-mails de mortos!
O site em questão foi criado por uma empresa da Espanha e enquanto a morte não chega a mensagem do "candidato" pode ser atualizada a qualquer momento. Vários são os planos a serem escolhidos, dependendo do interesse do cliente: "master, premium, essential e o free".
A mensagem póstuma pode incluir fotos e até um fundo musical e as mensalidades são cobradas antecipadamente, ou seja, até a data da morte do usuário.
Bem, depois destas informações um tanto quanto fúnebres, porém muito atuais em nossos tempos, voltemos ao tema principal que é o turismo cemiterial, também um pouco “exótico”, porque não dizer.
Este segmento também usufrui dos avanços tecnológicos antes descritos, com inúmeros “tours” virtuais, possibilitados a partir de páginas da Internet, nos principais cemitérios do mundo, tendo como objetivo a divulgação artística e cultural destes ricos sítios históricos.
Esta curiosidade e importância criada em torno dos cemitérios, a ponto de serem organizadas viagens e excursões só com o objetivo de conhecê-los, pode ser explicada pelo fato de que, desde os seus primeiros tempos na Terra, os humanos homenageiam seus mortos das formas mais variadas possíveis, conforme a cultura e os costumes de cada povo ou nação.
Muitas vezes, também, os cemitérios se tornam a única fonte confiável para os estudos da história da humanidade e são verdadeiros museus a céu aberto, arrolados nos guias de visitação das principais cidades, principalmente as européias.
Como se sabe, este tipo de turismo não é novidade nos paises do "velho mundo", porém, aqui no Brasil, só mais recentemente é que vem se tornando um segmento utilizado por agências organizadas.
Há muitos anos a França oferece visitas guiadas aos principais cemitérios de Paris. Dentre eles o mais importante é o "Pére Lachaise", conhecido por ser o mais visitado em todo o mundo e que recebe anualmente cerca de 2 milhões de visitantes provenientes de vários países.
Aberto em 1804, possui cerca de 100.000 túmulos, 5.300 árvores e muitas atrações culturais e artísticas. Lá estão os mausoléus de muitas celebridades, como o compositor Chopin, o escritor Moliêre, Oscar Wilde, Balzac, Marcel Proust, Modigliani, Simone Signoret e Yves Montand, a cantora Édith Piaf e a dançarina Isadora Duncan. Acessando o site www.pere-lachaise.com, pode ser feita uma visita virtual muito interessante a este famoso cemitério francês.
Muito procurado também é o cemitério de Montparnasse, aberto em 25 de julho de 1824, no bairro parisiense de mesmo nome. É também o abrigo eterno de muitos artistas e intelectuais famosos, sendo, por isso, bastante visitado pelos turistas.
Em Portugal os cemitérios são também surpreendentes, com obras de arte importantes em seus túmulos. Algumas "capelas” erguidas junto aos jazigos são tão grandes que podem ser confundidas com uma igreja de porte médio, dado o tamanho e a riqueza de suas construções.
O Cemitério do Alto de São João, um dos maiores de Lisboa e dos mais antigos do mundo, é de 1840, ocasião da edição de uma lei portuguesa que proibiu os túmulos montados dentro ou ao lado das igrejas, como até então era normal se fazer. Isto ocorreu devido aos problemas de poluição ambiental que começavam a surgir. Esta é, na verdade, a origem dos cemitérios em todo o mundo: o cuidado com o meio ambiente.
Em Londres, também vale uma visita ao Highgate, que contém a sepultura de Karl Marx (1818-1831) e foi construído no século 18 pela iniciativa privada, refletindo bem as idéias da aristocracia inglesa da época.
Highgate é um belo jardim, como, aliás, são todos da Inglaterra, e, oferece excelente paisagem para o repouso eterno.
O West Norwood, com 64 monumentos importantes listados como obras de arte a serem apreciadas, possui também um crematório totalmente aparelhado para oferecer conforto e bons serviços.
O cemitério de Golders Green Crematorium, que fica nos arredores de Londres e cujos mausoléus guardam os restos mortais de Sigmund Freud (1856-1939), é bastante visitado, bem como o de Brookwood, com passeios diferentes para todos os gostos e com ticket de entrada a partir de 2 libras.
Este último já foi considerado um dos maiores do mundo e hoje ainda é o maior do Reino Unido. Mais de 240.000 pessoas já foram ali enterradas.
Aqui, na América do Sul, o país líder no turismo de cemitérios é a Argentina. O cemitério da Recoleta, em Buenos Aires, atrai milhares de pessoas pelos seus inúmeros monumentos e esculturas dignas de um grande museu de arte e pelo túmulo da grande dama Evita Perón, além de outros célebres artistas. Ali se pode acompanhar quase toda a história da Argentina, desde o século XIX e é um hábito comum a visitação de pessoas da própria cidade, inclusive muitos estudantes.
Em São Paulo, onde o turismo de cemitérios é o mais desenvolvido do Brasil, muitas obras de arte formam estas verdadeiras exposições a céu aberto e que podem ser percorridas em vários bairros da capital e do interior.
O Cemitério da Consolação, o mais antigo de São Paulo, em funcionamento desde o ano de 1858, abriga a morada de inúmeras figuras públicas, artistas e intelectuais. Há um bom número de túmulos com trabalhos de grandes escultores, como Victor Brecheret, Francisco Leopoldo e Silva, autor do primeiro nu do local, produzido nos anos 20, ou Bruno Giorgi, um dos maiores escultores brasileiros.
Há muito mármore Carrara, granito e bronze. Lá está também o mausoléu da família Matarazzo, que ocupa cerca de 150m2, atingindo 20m de altura. É tido como o maior da América do Sul.
O Cemitério da Consolação tem desde 2001 uma iniciativa para buscar o aumento do potencial turístico do local. O Projeto Arte Tumular, do Serviço Funerário Municipal, promove passeios monitorados, com grupos de no máximo 15 pessoas. São recebidos cerca de 300 interessados por mês atualmente para as visitas guiadas.
O Projeto Arte Tumular (ver detalhes no site da prefeitura de São Paulo: http://portal.prefeitura.sp.gov.br/guia_servicos) mostra aos paulistanos e demais turistas de outros estados, os cemitérios mais antigos da cidade, com acervos artísticos e históricos provenientes de várias épocas ou períodos.
Outros cemitérios, como o de Araçá e o de São Paulo, no bairro de Pinheiros, também combinam importantes obras de arte nos jazigos de personalidades conhecidas na história da cidade.
Neste último, o de São Paulo, construído nos anos 20, está uma escultura das mais importantes: a peça “Último Adeus", de Alfredo Oliani, que mostra o último beijo de um casal.
O Cemitério Morumbi é particular e bem mais moderno. Foi construído nos anos 60 e tem outro tipo de paisagismo. Enormes gramados, sem túmulos aparentes ou estátuas, imitam os modernos cemitérios norte-americanos. A cantora Elis Regina é uma personalidade que lá se encontra para sempre.
Vale lembrar que no site www.findagrave.com pode ser pesquisado onde estão enterrados artistas e outros personagens famosos de várias partes do mundo, inclusive brasileiros.
A procura pode ser feita pelo nome e pelo ano da morte. Atualizado todos os dias, o site tem uma relação com os nomes mais pesquisados. Assim, em cada cidade que visitarmos basta entrar neste site e partir para apreciar os túmulos e jazigos de pessoas importantes para nós e para a humanidade.
Constatamos, portanto, mais uma vez, como a informática atende às necessidades dos negócios e projetos turísticos ligados à vida eterna.




TURISMO EM CEMITÉRIOS MOSTRA HISTÓRIA E CULTURA
UM VERDADEIRO MUSEU A CÉU ABERTO ESTÁ NOS CEMITÉRIOS




O turismo em cemitério não é nada assombroso. Ao ouvir falar sobre isto não fique pensando em fantasmas e almas do outro mundo, tampouco torça o nariz. Mesmo tendo uma aparência muitas vezes triste, os cemitérios, principalmente os mais antigos guardam belas e ricas surpresas para quem se dispõe a neles entrar. Se olhar bem, poderá ver galerias de arte a céu aberto e encontrar peças e esculturas assinadas por artistas famosos. Na França e na Argentina, por exemplo, alguns cemitérios se tornaram pontos turísticos que atraem milhares de viajantes do mundo inteiro como por exemplo, os Cemitérios de Pére Lachaise em Paris e da Recoleta em Buenos Aires.
Na verdade, esta é uma prática cultivada em várias partes do mundo como forma de divulgar a história e a cultura de uma cidade. A procura por esses concorridos pontos turísticos se dá por terem eles entre seus "moradores eternos" nomes famosos que marcaram presença na história, no esporte, nas artes ou na política. No entanto, também a beleza da arte tumulária presente nestes cemitérios contribui e muita para a sua fama.
No Brasil temos exemplos magníficos desta arte tumulária. Em São Paulo os cemitérios da Consolação, Araçá, Paulista e Morumbi são exemplos típicos desta arte. Rio de Janeiro, Bahia e Recife são outros locais onde encontramos acervos de arte tumulária.
Em Santos, cemitérios como do Paquetá e Saboó são ricos em túmulos de famílias ilustres e com arquiteturas tumular feitas por artistas de renome.
No entanto, ao contrario do que ocorre em outros países, poucos são aqueles que percorrem os cemitérios brasileiros para visitação de túmulos ilustres ou que saibam apreciar as obras de arte que estes cemitérios muitas vezes escondem. Raras exceções acontecem durante o ano como as visitas aos túmulos de Raúl Seixas, Airton Senna, na Capital, e Mario Covas em Santos. O resto só se dá em finados.
A maioria dos jazigos presentes nestes cemitérios, como o da Consolação, foi esculpida por artistas europeus que usaram materiais muitas vezes importados, de forma a enaltecer o nome das famílias abastadas. Encontramos, em São Paulo, obras de artistas consagrados como Brecheret e Luigi Brizzolara ao lado de outros não tão conhecidos como Eugênio Pratti e Ramando Zago. Centenas de artistas italianos de renome também deixaram um enorme acervo de peças espalhadas pelos cemitérios brasileiros, a maioria em nossa Capital.Muitas dessas peças só agora estão sendo identificadas. Para se ter uma idéia, somente no cemitério do Araçá encontramos quase 80 peças de notório valor artístico devidamente catalogadas.
É preciso apreciá-las com olhar de quem está num museu. Verá, então, diferenças entre peças da belle époque e art noveau. Verá nomes famosos também. Só não terá uma infra-estrutura de apoio com informações sobre as arquitetura e as personalidades ali “residentes”. O que é uma pena.


Você acha que esta modalidade de turismo gera emprego além de tornar nossos cemitérios mais interessantes?
Os avanços tecnológicos dos serviços póstumos de sua cidade fornecem apoio a essa modalidade de turismo?
Você concorda que a visita em um cemitério não deve ser somente no dia de finados ou quando morre alguma pessoa querida?Por quê?
Qual a sua opinião sobre a iniciativa das prefeituras municipais oferecerem cursos de Guias de Turismo em Cemitério.
Você acha que a superstição do brasileiro mais a sua religiosidade atrapalha o desenvolvimento desta modalidade de turismo?
Você como Turismólogo, o Turismo Cemiterial te assusta? Justifique.



REFERÊNCIAS
Mara Inez Ludwig Valio é economista, formada pela Universidade de Brasilia-UnB, e está cursando o MBA em Turismo -Planejamento, Gestão e Marketing, na Universidade Católica de Brasilia-UCB.
http://www.etur.com.br/
http://www.fals.com.br

4 de out. de 2008

Investimentos Estrangeiros no Turismo Brasileiro

Uma das notícias mais comentadas do ano entre os profissionais de Planejamento Turístico do país, a negociação da Costa do Sauipe ganha uma reflexão necessária.

Administradas por um fundo de investimentos do brasileiríssimo Banco do Brasil, o resort não obteve a liquidez esperada e está sendo negociado. Os diretores do resort, dizem que empreendimentos desta ordem, têm maturação demorada e demoram de 12a 15 anos para retorno do investimento. Com 8 anos de operação e ainda longe devolver mais de 2 centenas de milhões investidos pelo fundo, já não se nega a venda do empreendimento.

A grande discussão, porém, é para quem será vendido.

Ao que tudo indica, o pool formado pelo grupo Jamaicano Superclubs e investidores europeus, ainda com possibilidade de entrada de árabes, será o comprador do resort. Isso significa que todo o lucro gerado pelo empreendimento não mais ficará no país e sim viajará para América central, europa e quisá o bolso de um sheik árabe.

Contudo, isso é uma realidade mais frequente que pensamos. Em apenas três semanas, foram publicadas na imprensa especializada nada mais nada menos que 10 confirmações de mega investidores de toda parte do mundo injetando milhões em empreendimentos turísticos no Brasil. E se engana quem pensa que os investimentos são apenas no nordeste:

Ceará - Grupo LAC (Espanha): US$ 10 bilhões - Cidade Turística Nova Atlântica. Promete ser referência mundial, sendo forte concorrente do Caribe.


Campinas - GP Investimentos (Bermudas): não divulgado - Compra de várias redes de hotéis nacionais. Já investiu mais de US$ 2 bilhões em petróleo e minérios no país em 2008.

Bahia - Associação Nacional das Empresas de Promoção e Desenvolvimento Imobiliário da Itália (Itália): não divulgado - Ainda no início do processo, cerca de 150 agentes imobiliários da Itália negociam com baianos terrenos em frente à praias, imóveis e empreendimentos turísticos para contrução e aquisição. Estima-se que entre muito dinheiro.

Paraná - Grupo LA Hotels (Bermudas): não divulgado - Compra de rede de hotéis de propriedade brasileira localizados em várias cidade paranaenses.




Angra dos Reis/RJ - Grupo Posadas (México): não divulgado - Construirá um mega resort em Angra dos Reis.





Bahia - Prima Empreendimentos Inovadores S/A (hispano-brasileiro): R$ 13,6 bilhões - Plano Grande Baixio, que pretende construir resorts, condomínios e apartamentos no distrito de Baixio, município de Esplanada, na Costa dos Coqueiros.


Cabo Frio/RJ - Starwood (norte americana): R$ 420 milhões - O projeto ainda espra a vinda de várias outras redes internacionais de meios de hospedagem no complexo Reserva do Peró, localizado na APA do Pau-Brasil. A ida do Club Med já está confirmada.


São Paulo/SP - Starwood (norte americana): R$ 30 milhões - O grupo que agora detém todos os hotéis da rede Sheraton, pretende investir em todos os hotéis da rede na capital paulista para modernização e treinamentos.

Rio de Janeiro/RJ - pool de investidores franceses e brasileiros: R$ 12 milhões - O mais novo hotel 5 estrelas do Rio de Janeiro. Pretende alia boa estrutura com a informalidade e hospitalidade carioca.

Nos dias 8 e 9 de outubro, acontece em São Paulo a XII Brazilian Hospitality Investment Conference que reune investidores potenciais de todo o mundo e incentiva investimentos em todo o Brasil.

Na oportunidade, várias cidades brasileiras irão recepcionar grupos de investidores e lhes apresentar seu potencial turístico com o fim de receber um grande empreendimento hoteleiro. É o caso do Ceará, que receberá um grupo de 20 espanhóis e a espectativa é que o estado ganhe "pelo menos" um grande empreendimento hoteleiro, segundo Bismarck Maia, secretário de Turismo do estado.

No referido evento, espera-se que mais investimentos estrangeiros cheguem ao Brasil nos próximos anos.

A realidade de Uberaba, quanto à hotelaria é extrema: apenas 1 hotel de rede. Todos os demais hotéis são de propriedade de uberabenses.

Já em Uberlândia, grande parte dos leitos hoteleiros são de hotéis de rede.

Karim Mauad, presidente da Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Uberaba (ACIU), ao ser questionado pelos associados da instituição que preside à respeito dos investimentos externos, é enfático: "Os mesmos benefícios que uma empresa 'de fora' tem com o poder público, as empresas locais também têm". Ou seja, existe incentivo ao investidor local, mas tal incentivo não é acionado ou não há investidores na cidade?

A realidade é que muito dos epreendimentos de nosso nordeste é de propriedade estrangeira, principalmente européia. Isso é bom?

Por uma lado: Milhares de empregos são gerados em mega resorts estrangeiros. Bilhões são investidos em infra estrutura. Qualidade nos serviços, profissionalização e treinamentos são gerados nestes empreendimentos. Vários deles tês mais de 75% do quadro de funcionários de pessoas da região e uma responsabilidade social e ambiental exemplar.

Mas por outro: Todo o lucro líquido do empreendimento vai para a matriz ou para seus investidores, ou seja, não adianta falarmos em superávit da balança do turismo (que não existe, atualmente é défict) se os valores de fato entram e saem do país.

Qual é a sua opinião quanto à chegada de investidores estrangeiros no país? O tripé da sustentabilidade é totalmente alcançado? É fator de melhora na imagem do país no exterior? É melhor ter empregos ou que o lucro fique no país (se ficar, fica com quem?) ? Você é a favor de continuar com a política de captação de investimentos estrangeiros no Brasil?

Boa discussão é até quinta no debate.