23 de ago. de 2008

Crise Aérea: Depois do apagão, o superfaturamento


Vocês se lembram do apagão aéreo? Pois é, o governo prometeu investimentos. Algum tempo depois, vários editais de licitações foram publicados para obras em vários aeroportos do país.

Meses atrás, porém, na CPI do apagão aéreo, foram descobertas irregularidades nas obras, mas o caso esfriou. Todavia, voltou à tona com tudo na semana passada com a divulgação da constatação do Tribunal de Contas da União - TCU no superfaturamento das obras de nove aeroportos brasileiros. A auditoria feita pelo TCU, fez com que o Ministro da Defesa, Nelson Jobim suspendesse todas as obras e rescindisse os contratos com as construtoras suspeitas.


O futuro das cias aéreas, a vida dos brasileiros e até a Copa do Mundo de 2014 estão muito comprometidos, já que tudo indica que a crise aérea está longe de acabar. Aguardamos a reunião do TCU na quarta feira 27/08, onde a corte analisará os relatórios e irá confirmar ou não as suspeitas de superfaturamento em 9 obras de importantes aeroportos do país. Os processos, no entanto, são 10, já que o aeroporto de Guarulhos tem 2 processos. Além do superfaturamento nas obras, suspeita-se de fraude na licitação de um dos terminais. O montante de dinheiro desviado nos aeroportos brasileiros, segundo o TCU, chega à R$ 3 bilhões de reais.

Os nove aeroportos, Guarulhos/SP, Congonhas/SP, Santos Dumont/RJ, JK/Brasília, Macapá/AP, Vitória/ES, Porto Alegre/RS, Curitiba/PR e Santa Genoveva/GO, através de sua administradora a Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária - Infraero justificam que o TCU realizou comparações equivocadas nas obras, já que os materiais utilizados em aeroportos são muito diferentes dos utilizados em rodovias, estacionamentos e obras residenciais nas quais o TCU comparou os valores destes materiais.

A notícia chega como uma bomba dias após a divulgação da ANAC dos números do ano de 2007, quando houveram 51 milhões de embarques no país, recorde no volume de passageiros. Sabe-se que em todos os embarques são pagos taxas de embarque que vão para a Infraero administrar os aeroportos e que as taxas variam entre R$ 15,42 e R$ 19,62. Brincando com os números, fazemos a multiplicação de 51 milhões de embarque no ano de 2007 com uma média de taxa de embarque e constatamos um número bem atrativo: aproximadamente R$ 900 milhões no ano para administrar os 67 aeroportos, ou seja, cerca de R$ 13,5 milhões por aeroporto por ano.

Porém, a própria Infraero contesta esse número, dizendo que transportou em 2007 cerca de 110 milhões de passageiros (nossa conta ficaria ainda mais interessante).

A ANAC nada declara, pois, não é sua jurisdição, o Ministério da Defesa apenas interveio com a paralisação e o Ministério do Turismo apenas se lamenta pelo ocorrido.


Mais uma vez nos vemos no meio do desentendimento dos órgãos responsáveis pela aviação brasileira e como no apagão aéreo, mais uma vez vem à tona a discussão: Não seria melhor privatizar?

Diante do latente crescimento da demanda do setor aéreo nacional e internacional, da vinda de mais uma companhia aérea a operar no país, da Copa do Mundo de Futebol em 2014 e de uma possível (mesmo que distante) Olimpíada em 2016, se posicione quanto à volta do apagão aéreo, quanto à construção de novos aeroportos e quanto à privatização dos aeroportos brasileiros.

Boa discussão e até quinta.

17 de ago. de 2008

Festa da Abadia: Turismo Religioso?


Na última sexta feira, 15 de agosto de 2008, ocorreu o ápice da Festa de Nossa Senhora da Abadia em Uberaba, que dura os primeiros 15 dias de agosto.

Como nos últimos anos, a praça foi tomada pelos devotos desta que é a Padroeira não só da cidade de Uberaba, como de toda região do Triângulo Mineiro.


Padre Jacaúna, organizador da festa, disse em entrevista ao Jornal de Uberaba (15/08/08) que os números superaram em nada mais nada menos do que 1.000% suas expectativas.



O padre, disse ainda ao Jornal da Manhã (15/08/08) que passaram pela festa cerca de 55 mil pessoas e mesmo que a Igreja de Nossa Senhora da Abadia comporte "apenas" mil pessoas, cerca de 1.500 pessoas passavam pela Igreja por hora, em cada missa.


Mário Beni (2003) em Análise Estrutural do Turismo, conceitua turismo religioso como sendo o deslocamento de peregrinos motivados pela fé à destinos religiosos, onde,localizam-se templos e manifestações de fé.

Porém, algo diferente acontece todos os anos em Uberaba ...

O que acontece por aqui se assemelha mais com o conceito formulado durante a Conferência Mundial de Turismo em Roma, lá em 1960, que diz: "uma organização que movimenta inúmeros peregrinos em viagens pelos mistérios da fé ou da devoção a algum santo. A sua prática efetiva realiza-se de diversas maneiras: as peregrinações aos locais sagrados, as festas religiosas que são celebradas periodicamente, os espetáculos e as representações teatrais de cunho religioso, e os congressos, encontros e seminários, ligados à evangelização".


Digo que se assemelha mais com este conceito, pois, mais uma vez, a praça foi tomada por milhares de pessoas que, sentados nas mesas ou de pé na praça, se deliciavam com drinques como "Nabunda" e "Capeta", além das famosas caipirinha, caipivodka, vinhos e muita, muita cerveja.

Além da quantidade de pessoas e bebidas, muita música alta, geralmente tocando forró, sertanejo e, pasmem, funk até altas horas na madrugada.

Sem contar no palanque para os políticos agora super devotos e presentes nos momentos mais célebres da festa.

Realmente, a fé dos devotos é incontestável e indiscutível.

Porém, o que é turismo religioso? O que é praticado em Uberaba durante esta festa tão tradicional tanto para os moradores quanto para os visitantes? Festas, agito, música, bebidas, danças ... Isso é turismo religioso? Explorem o conceito deste segmento do turismo e posicionem-se quanto a Festa de Nossa Senhora da Abadia ser atrativo turístico e, caso positivo, qual segmento de turismo se encaixaria: religioso, de eventos, de lazer, cultural, histórico, ... ???

Bom debate e até quinta feira.

Abraços.

9 de ago. de 2008

Olímpíadas de Pequim: começou Xenofobia


Prezados amigos,

Com 1,3 bilhão de habitantes, a República Popular da China (que tem esse nome pois Taiwan se auto intitula como República da China e assim é aceito por vários países) conta com mais de 150 cidades com mais de 1 milhão de habitantes e as cidades mais poluídas do mundo, segundo informações do portal UOL.

Com muita festa e fogos de artifício, começou as olímpíadas de Pequim, com a promessa de ser a maior olimpíada de todos os tempos.
As olimpíadas chegam ao país que se abriu para o capitalismo mesmo sendo um país assumidamente xenofóbico. Com várias promessas e não menos desconfianças, os olhares de todo o planeta estão sob o país milenar.

Sábado pela manhã, o portal UOL noticiou agressões a japoneses, australianos e a morte de um parente de um dos membros da comissão técnica de vôlei norte americana. Trazendo à tona, novamente, a questão da xenofobia chinesa. Japoneses, australianos e norte americanos são os mais reciosos, por se tratarem de "inimigos históricos".

Policial Chinês impedindo jornalista de obter informações sobre o assassinato


Sob os olhares de todo o planeta, o país faz um forte esquema de "segurança", retirando da cidade dos jogos os mendigos, desempregados e prostitutas, e enchedo as ruas de policiais, soldados e voluntários, ainda segundo o portal UOL.



Visto isso, pergunto-me, isso é hospitalidade? Isto é turismo? Isto é circo?




Nosso vizinho Chile, tem uma das mais altas taxas de qualidade de educação, esporte, saúde e segurança. Economia estável, crescimento modesto porém contínuo, empregos e renda bem distribuída.

Mas o que o Chile e a China tem em comum? A repressão.

Em ambos os países existe apenas a religião aprovada pelo Estado, as leis convenientes aos Estado, o jornalismo conveniente ao Estado. Não que a cultura e costumes locais reconhecidos e estimulados pelo Estado não são os mesmo que a maioria dos habitantes, mas muitos chilenos e chineses declaram anonimamente que gostariam de ter outra religião, outros costumes, outra conduta de vida. Mas eles são impedidos por um Estado violento, repressor e centralista.

Vários turistas enfatizam a diferença entre hospitalidade peruana, uruguaia e até argentina (no inteiror) em relação à hospitalidade chilena. Mas a ausência de uma hospitalidade espontânea dos chilenos é fruto da repressão que vivem. E como podemos ser hospitaleiros se sequer temos liberdade de expressão? Como apresentar aos visitantes os costumes e tradições que nem sempre são inatos, espontâneos ou até verdadeiros?

Como medir a hospitalidade em cidades com mais de 10 milhões de habitantes em uma evidente falta espaço? Com um trânsito pesado?

A OMT projeta que em alguns anos, a China será o maior país emissor e receptor de turistas do mundo, bem distante do segundo colocado EUA. Sabe-se que os chineses comem de tudo, desde cachorro a escorpião passando por cobras. Esta cultura de alimentação se deu pelo fato de suprir a fome de tantas pessoas, ou seja, surgiu pela necesidade, e não pela escolha.

As Olímíadas de Pequim irá ser crucial para esta projeção da OMT, pois, diante da atenção de todo o planeta, ou milhões de pessoas irão se interessar ainda mais, ou desencantarão.

E você turismólogo, o que pensa? A Olimpíada irá ser um fracasso para a imagem da China com os turistas ou irá trazer ainda mais curiosidade do mundo em conhecer o país? Como as manifestações de xenofobia vão ser contidas? aliás, elas vão cessar? Até que ponto as manifestações (que ainda podem vir - a respeito de Miammar, Tibet, liberdade de imprensa e expressão, etc) irão prejudicar a imagem do país como destino turístico? Enfim, as Olimpíadas serão a demonstração das "verdades" sobre este país, capaz de retrair ou aumentar ainda mais a intenção de visitação?

Boa discussão e até quinta feira no debate.

Abraços.

1 de ago. de 2008

Aviação brasileira conta os dias para pegar fogo!



Prezados alunos,

Está anunciada para janeiro de 2009 o início dos vôos da nova companhia aérea brasileira, a Azul Linhas Aéreas Brasileiras.

Criada pelo fundador da JetBlue, uma das principais empresas aéreas dos Estados Unidos, David Neeleman, a Azul pretende operar as principais cidades brasileiras em cinco anos.

David Neeleman é nascido no Brasil e filho de norte-americanos. Tem vasta experiência e mercado aéreo e um senhor currículo em competição entre companhias aéreas. Segundo o prórprio Neeleman, ele realiza um sonho montando sua empresa aérea no seu país de origem.

David, além dos milhões de investimento e muita astúcia, chega com declarações no mínimo polêmicas. Acusa TAM e GOL de unificarem seus HUB's em Congonhas, Brasilia e Santo Dumont, provocando o caos aéreo brasileiro. Aponta defeitos no concorrentes como altas tarifas, serviço simples e rotas extremamente convenientes para as próprias empresas e não para os clientes. Mas no final, diz que respeita os concorrentes.

As declarações de David Neeleman retomam uma discussão antiga para os turismólogos: o caos aéreo brasileiro. Mesmo prometendo "fugir" dos HUB's convencionais (Congonhas, Brasilia e Santos Dumont) a Azul Linhas Aéreas deverá operar os três aeroportos ainda no primeiro trimestre de 2009.

Proponho um debate que reflita sobre o futuro do fluxo aéreo brasileiro. Afinal, nosso atual prefeito Anderson Adauto teve uma reunião com o presidente da Anac juntamente com a Secretária de Turismo do Estado, Erika Drumond a cerca de 5 meses e ouviu um sonoro não, quando pedia um slot no aeroporto de Congonhas para Uberaba.

A gol, tem permissão para vários vôos internacionais, mas ainda não os opera pois suas aeronaves estão com boas taxas de ocupação, ou seja, necessitam-se novas aeronaves para novos destinos e não remanejamento ou troca de rotas.


Em meio a melhor fase do transporte aéreo brasileiro (em termos de lucratividade das empresas), como a Azul conseguirá o mercado que deseja? O tráfego aéreo irá entrar em choque novamente com mais 76 aeronaves voando no país? Estamos à beira de mais um apagão aéreo? A TAM e a GOL irão suportar as inovações da nova companhia ou sucumbirão?

Pesquisem o contexto, comentem e divirtam-se!

Abraços e até quarta.