27 de set. de 2008

SEGUINDO OS TRILHOS DO PASSADO


Nos atribulados dias dos grandes centros urbanos, avistar uma Maria Fumaça virou cena quase impossível. Pode ter sido em um filme, em uma novela de época ou até visitando alguma cidade histórica, mas com certeza você já ouviu aquele barulho estridente do apito do trem que se mistura com a fumaça que sai da locomotiva ao partir de uma estação, a cena é surpreendente.

Por nossa própria falta de hábito em relação a esse meio de transporte e também à escassa oferta de trens de passageiros, pensar em fazer um passeio ou uma viagem de trem no Brasil nem nos passa pela cabeça atualmente, ou nos remete ao chacoalhar dos vagões, ao barulho repetitivo que acompanha a viagem, sem contar a duração do passeio que se estende, e você, prudente, recusa-se a experimentar, é melhor pegar o carro e seguir até seu destino.

Mas será que sua reação seria a mesma se soubesse que os trens turísticos que deslizam pelos trilhos atualmente no país passam por regiões deslumbrantes, com florestas coloridas e rios formidáveis? Proporcionando uma vista, que só quem vai de trem assiste. Nesse caso, até mesmo uma longa viagem de trem não seria uma má idéia, não é? Em tempos de modernidade excessiva em tudo, um passeio de trem se transforma em uma opção mais charmosa do que qualquer outra coisa.

Apesar de ainda ser pouco utilizado no Brasil em relação a seu potencial, o trem é uma das opções de transporte mais utilizadas no Mundo. Com o surgimento de Organizações não Governamentais - ONGs e Associações, e com a comemoração dos 150 da ferrovia no Brasil, estão nascendo projetos cada vez maiores para, não só recuperarem trechos inativos, como também implantar Trens Turísticos onde há condições.

Só para se ter uma idéia de sua importância, o advento do Trem de passageiros pode ser considerado um dos marcos fundamentais para o que o turismo é hoje, já que a concepção de se transportar grande número de viajantes para um mesmo destino, de uma só vez, se iniciou com eles. Fazer um passeio de trem é realmente visitar o que no passado se chamava "viagens organizadas" e que deu origem ao que é hoje a atividade turística.

Visando aumentar a representatividade do setor e a oferta de passeios com trens turísticos, nasceu a ABOTTC - Associação Brasileira das Operadoras de Trens Turísticos e Culturais. Iniciativas como esta confirmam a importância desse meio que atravessou fronteiras e fez história.



TREM TURISTICO – UBERLÂNDIA-MG



O Município de Uberlândia aplicará, ainda este ano, cerca de R$ 600 mil na adequação da estação ferroviária e na revitalização dos trilhos que compõem a malha ferroviária na entrada da cidade. Parte dos recursos deste projeto é proveniente do Ministério do Turismo, sendo que a contrapartida da Prefeitura é de R$ 121.875,00. Os trabalhos serão realizados conforme acordo firmado com a Ferrovia Centro-Atlântica, concessionária do transporte ferroviário na região.

“A realização dos investimentos na estação e em seu entorno é necessária para a viabilização do projeto ‘Trem Turístico’, que será tracionado por uma antiga locomotiva movida a vapor, chamada Maria Fumaça, para proporcionar aos turistas a agradável sensação lúdica de uma viagem de trem, que percorrerá o trecho entre as cidades de Uberlândia e Araguari”, explicou o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico e Turismo, Dílson Dalpiaz Dias.

A Estação Ferroviária de Uberlândia, localizada na Praça Werbert Júnior Fonseca, no bairro Custódio Pereira, receberá um posto receptivo para integrar o projeto “Trem Turístico” e oferecerá aos turistas que aportam na cidade uma recepção de excelência. Além disso, será realizada identificação visual e sinalização interna da estação, além da revitalização e arborização da praça.

O primeiro trecho a ser percorrido pelo "Trem Turístico" será o que liga Araguari a Uberlândia, pela Ferrovia Centro-Atlântica. Durante a viagem, os passageiros poderão apreciar diversas belezas naturais da região, em sua extensa área verde, e o lago da hidrelétrica Capim Branco II, que poderá ser visto de vários ângulos, por cerca de 10 quilômetros. A viagem de trem, além de ser segura, vai proporcionar aos passageiros um resgate histórico e sentimental.

A Ferrovia Centro-Atlântica é a sucessora da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, ligando o estado de São Paulo (Campinas) ao de Goiás (Anápolis), passando por Uberlândia e Araguari. Até 1970, o transporte de passageiros acontecia em volume significativo. Hoje, a ferrovia só opera com transporte de cargas.



TREM-BALA À VISTA!


O BNDES divulgará, nos próximos dias, os estudos técnicos sobre o traçado preliminar do primeiro Trem de Alta Velocidade (TAV) no Brasil. Incluída no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), sua conclusão poderá ocorrer até a Copa do Mundo de Futebol, em 2014.



Além dos benefícios econômicos que trará, o TAV resgatará do imaginário a antiga maria-fumaça e, paradoxalmente, nos remete a uma perspectiva de futuro e desenvolvimento tecnológico.

Poderemos experimentar algo como uma sinfonia que pontuará o trajeto entre a cidade do Rio de Janeiro, do genial Villa-Lobos e seu “O trenzinho do caipira”, e a Campinas do grande Carlos Gomes, o Nhô Tonico, autor do “O guarani”, tendo a capital paulista como uma das suas principais paradas.

O “novo-velho” meio de transporte, nos seus vindouros 550 quilômetros, precisará de um investimento de 17 bilhões de reais, a viagem entre as capitais poderá ser feita em uma hora e dez minutos e terá a capacidade de transportar 17 milhões de passageiros ao ano. Mas tudo isso não bastará se não for garantida a qualidade do serviço ao usuário. Isso significa eficiência, rapidez, conforto e segurança.

Há um segundo ponto importantíssimo: devemos obter a transferência de tecnologia, considerando-se que a execução da obra será aberta, também, a empresas estrangeiras. E o interesse internacional tem sido marcante por parte de empreendedores de Japão, Alemanha, França, Itália, Coréia, entre outros, como foi demonstrado em recente audiência pública ocorrida na Câmara dos Deputados.

A concretização do TAV poderá, ainda, abrir caminho para a construção da ligação férrea entre Belo Horizonte, São Paulo e Curitiba, com 1.150 quilômetros de extensão, embora não haja definição sobre se será um equipamento de alta velocidade. Com este estímulo e a implementação de linhas para o transporte de carga, previstas no Plano Nacional de Viação (PNV), estaremos criando uma verdadeira e produtiva indústria brasileira do trilho.

Exemplos de eficiência nessa modalidade de transporte não faltam para nos inspirar. Na Europa, há 4.000 quilômetros de ferrovias de alta velocidade, com perspectiva de chegar a 9.000 até o ano 2020. No Japão, está o Shinkansen, inaugurado em 1964 por ocasião dos Jogos Olímpicos de Tóquio, que conta com 2.000 quilômetros de extensão, transporta 340,4 milhões de passageiros por ano e gera US$ 18,6 bilhões de receita.

Se o TAV ainda é estranho para nós, fica ainda mais evidente que temos de buscar a atualização de nossa malha quando nos deparamos com a realidade do modal ferroviário que opera com trens levitando sobre trilhos magnéticos — os maglevs. Em Xangai, na China, este equipamento opera comercialmente em um trecho que permite viagens acima de 400 quilômetros por hora.


Todas as alternativas que garantam nossa mobilidade e a circulação da riqueza que produzimos devem ser consideradas. Com a operação do TAV, que inova e, por isto, desafia, ganharão os usuários do transporte público de passageiros e o país.
Bonito, confortável, seguro e o menos poluidor dos meios de transportes.


Qual a sua opinião sobre a implantação do projeto de Uberlândia?
Qual o impacto no turismo com a concretização do Trem de Alta Velocidade (TAV) no Brasil?
A malha ferroviária ajudaria nos impactos ambientais provocados pela poluição do transporte rodoviário?
E o que é melhor para o Brasil: os Trens de Alta Velocidade ou os Trens turísticos?
Com a situação de nossas estradas, esse modo de transporte traria mais qualidade de vida para população?

22 de set. de 2008

A Crise Americana e o Turismo


O assunto mais falado no mundo na última semana e muito provavelmente nessa é a crise americana. Como o contemporâneo mercado de turismo é atingido, o asunto se torna obrigatório para nós.

Mas primeiro, vamos entendê-la:

2001: Depois dos atentados terroristas o medo gerou reflexo em tudo. O mercado imobiliário muito aquecido e e-empresas em crise – resultado: juros baixíssimos para reanimar a economia e consumismo.

2003: Os americanos que já têm casa própria refazem a hipoteca para pegar empréstimos e gastar mais na economia americana, que nesta altura, não sofreu muito com os acontecidos em 2001. Com os juros baixos, pessoas de baixa renda e incidência de inadimplência começam a hipotecar imóveis e este mercado torna-se muito bom para as imobiliárias americanas.

2004:Com os bons resultados da medida para aquecer o mercado americano, o Fed (Banco central norte americano) começa a subir lentamente os juros novamente.

2005:Apogeu do mercado imobiliário e os resultados dos baixos juros para manter a economia eram excelentes. Os juros, que continuam baixos, possibilitam ter mais de uma casa, o que era considerado um investimento, além de ser uma moleza adquiri-la.

2006: O mercado imobiliário vende as hipotecas dos clientes de baixa renda para instituições financeiras. Resultado: podem fazer mais de um empréstimo simultâneo e o “boom” da liberação de hipotecas a pessoas de baixa renda vem à tona.

Neste mesmo ano, os compradores de baixa renda passam a não pagar as hipotecas, pois, além de muito endividados, os juros já não são tão baixos como em 2001 e inicia-se o temor em comprar e vender hipotecas e títulos hipotecários. Com isso, a média do valor dos imóveis americanos cai, e o que era investimento, agora passa a ser um custo.

Resultado: os créditos caíram muito, o que fez a maior economia do planeta desacelerar, ou seja, cai o consumo, cai a circulação de dinheiro, cai a rentabilidade, caem as contratações e cai o poder de compra dos americanos. Por conseqüência, sem dinheiro, os americanos não têm como pagar as hipotecas, o que gera uma crise não só no mercado imobiliário como no mercado financeiro americano.

Influência: No mundo globalizado, empréstimos gerados nos EUA vão render juros para investidores na Europa e outras partes do mundo, por isso o pessimismo influencia os mercados globais, que também terão prejuízos caso os americanos não paguem suas dívidas.
2007: Um banco investidos francês, suspendeu 2 bilhões de euros em investimentos nos Estados Unidos preocupados com o mercado hipotecário americano, principalmente, com os empréstimos às pessoas de baixa renda. Como no turismo, para o mercado financeiro entrar em crise, basta uma notícia destas. A crise imobiliário-financeira americana começava (setembro de 2007).


O efeito dominó foi então inevitável. Instituições financeiras do mundo todo passaram a cortar os investimentos e declarar prejuízos. Com isso, os valores dos imóveis continuam despencando e os juros, continuam subindo. Estima-se que o prejuízo seria na ordem de US$ 500 bilhões.

As duas maiores empresas financeiras estadunidenses receberam ajuda federal na ordem de US$ 200 bilhões. Quem não recebeu a ajuda, quebrou. São ao todo, até agora, 12 falidas só este ano.


O governo americano tenta fazer com que o consumismo de seu povo continue, já que 70% de seu PIB é movido pelo consumo. Em fevereiro começou a enviar cheques aos americanos como restituição do imposto de renda.

O reflexo da Crise Americana nos mundo é evidente: O dólar dispara, o petróleo também. As bolsas de Paris Londres, Frankfurt, Mumbai (Índia), Tóquio, Xangai, Seul, Hong Kong e São Paulo caíram significativamente na média semanal.

O governo Americano estuda ações para intervenção no mercado e reanimação da economia. A ação mais evidente é a compra da dívida dos americanos para as instituições financeiras e imobiliárias. Porém, tal compra resolveria a raiz do problema? Talvez, já que o volume de empréstimo nos Estados Unidos representa cerca de 80% do PIB, no Brasil, esse número é de 35%.

No dia 19/09, segundo o Estadão, nosso presidente Lula disse que “A crise é do Bush, não do Brasil”, confirmando o que alguns economistas previam: a crise americana não chegará no Brasil. Será?

O mundo está de olho nas ações do governo americano e no pacote de ações para a crise. A Europa e o mundo somam os prejuízos e reestruturam-se para uma possível continuidade da crise. O dólar continua subindo empurrado pelo petróleo. Especialistas dizem que o Brasil não será afetado.

A crise americana será resolvida quando? Ela será resolvida? E o turismo? Diante de todo esse furacão, como a atividade será atingida? Qual serão os reflexos no turismo receptivo e emissivo no Brasil e no mundo?

Boa discussão e até quinta.

Abraços,

Prof. Lélio Kikuchi
Prof. Alexandre Ribeiro

12 de set. de 2008

Globalização e Turismo: Supressão do Visto?

Por Bayard Boiteux e Maurício Werner

Estamos nos aproximando cada vez mais de um mundo sem fronteiras, vide a entrada de turistas estrangeiros na Europa Ocidental, cujo controle de passaporte só ocorre no portão de entrada. A própria OMT-Organização Mundial do Turismo tem sugerido a supressão do visto, mecanismo utilizado por muitos países, de forma bilateral, para controle de qualidade do consumidor turístico ou ainda para a geração de receitas. Pesquisas demonstram que o visto afugenta fluxos turísticos, além de gerar controvérsias na sua concessão. O mundo globalizado deve permitir a circulação de turistas, sem carimbos de autorização, em seus passaportes. Este é o caminho da democracia turística.

É interessante como a democracia turística e a globalização criaram parâmetros de segurança internacional para o consumidor. Referimo-nos aqui a existência de empreendimentos, como o Hard Rock Café ou o MacDonald que tem os mesmos formatos no mundo. Traduzem-se como pontos de referência em terras longínquas e mudaram comportamentos ou até padrões culturais.

Um exemplo concreto é o Japão. País, que há duas décadas aproximadamente lançou um programa para incentivar seus cidadãos, a viajarem para o exterior, inclusive dotando os países receptores de infra-estrutura para receber seus nacionais, que tinham inúmeras dificuldades ao viajar, vê-se hoje revolucionado. Anteriormente os grupos japoneses que começaram a viajar andavam somente em grupos, com roupas e cabelos padronizados, criando um perfil já sociologicamente estudado. Hoje, o japonês, viajando por conta própria, de calça Calvin Klein, cabelos pintados e dançando Rock nas ruas é um produto do mundo globalizado.

Outro case interessante é a Turquia, país muçulmano mas que nas grandes cidades, perdeu o caráter ortodoxo da religião e revolucionou o papel da mulher, inclusive na política. Os turistas se surpreendem ao encontrar uma Turquia Islâmica mas tendo se adaptado à modernidade que devem ser levadas às religiões.

No entanto, temos que ficar muito atentos à globalização, para que não se percam as características culturais dos produtos turísticos, que fazem o seu diferencial. Hoje, turismo é uma vivência cultural, que se deixa seduzir pela diversidade. Ele é o marco principal do produto, que gera o deslocamento de turistas.

A globalização não pode e nem deve permitir que este mundo sem fronteiras, perca a sua língua, a sua moeda e o seu modus vivendi. Caminhemos para a globalização mas com identidade forte cultural...


O grande debate sobre a imigração: não há respostas fáceis para empregadores e empregados.

A questão da imigração ilegal nos EUA desencadeou um debate acalorado no congresso, irritou os dois principais partidos políticos e fez com que centenas de milhares de simpatizantes dos imigrantes fossem às ruas recentemente em manifestações pacíficas por todo o país.



A polêmica ganhou fôlego, quando o presidente Bush, em um discurso dirigido à nação pela TV, apelou para que a reforma da política de imigração fosse feita de forma abrangente. Ele disse que enviaria 6.000 tropas da Guarda Nacional a quatro estados que fazem fronteira com o México no início de junho para colher informações e dar suporte logístico — e não apoio armado — aos agentes civis das patrulhas de fronteira. Além de garantir a segurança da fronteira, Bush disse também que era necessário que a Câmara e o Senado aprovassem a legislação que permite aos imigrantes ilegais já há muitos anos nos EUA a continuar no país e a se submeter ao processo de aquisição da cidadania americana.

Estão na berlinda as vidas e o sustento de 12 milhões de trabalhadores sem documentos, as empresas para as quais trabalham, o respeito pelo estado de direito e as oportunidades de emprego para milhões de cidadãos americanos com pouco preparo profissional — tanto nativos quanto imigrantes naturalizados pelos canais legais.


Será que os imigrantes tiram o emprego dos nativos? Até que ponto a economia de um país depende dos trabalhadores sem documentos? Deveria haver uma lei que obrigasse esses trabalhadores a regressar a seus países de origem? Seria interessante discutir a proposição de uma lei que permitisse aos imigrantes ilegais pagar algum tipo de multa e continuar trabalhando no país? Se os trabalhadores ilegais deixassem os países amanhã, o que aconteceria? Você é a favor da supressão do visto no mundo?


Boa discussão e até quinta.

Abraços,


Prof. Lélio Kikuchi

Prof. Alexandre Ribeiro

6 de set. de 2008

Lei Geral do Turismo: Responsabilidade Compartilhada - sim ou não?


Enviada à câmara em março de 2008, a Lei Geral do Turismo tramitou e foi aprovada pelo senado e câmara rapidamente. Atualmente, está nas mãos do presidente Lula para aprovação ou veto. Porém, a Lei tem tido repercussões polêmicas.

A nova Lei para o turismo reza bases para o Sistema Nacional de Turismo, que regulamenta leis sobre a atuação de cada um de seus segmentos. Propõe também a criação de um cadastro nacional tanto de profissionais quanto de equipamentos, no qual estarão obrigatoriamente inscritos todo o trade nacional. A Lei reza ainda sobre o Plano Nacional de Turismo, a Política Nacional de Turismo, financiamentos públicos, investimentos, etc., ou seja, a atividade turística enfim terá uma lei de operações e políticas.

Porém, a Lei Geral do Turismo ganhou uma polêmica tão grande quanto sua dita importância para a atividade. Nos parágrafos que a Lei reza acerca da "Responsabilidade Compartilhada" que, atualmente, obriga as agências de viagens a serem responsabilizadas por danos aos turistas quando estes são lesados pelos serviços turísticos (atrasos de vôos, problemas nos hotéis, nas locadoras de carros, nos guiamentos, etc), há uma discussão ríspida.

A nova Lei acabaria com a "Responsabilidade Compartilhada", isentando a agência de viagem a responder legalmente caso algum problema ocorra com o turista durante os serviços adquiridos desta.

Para os que aprovam a mudança na lei, é injusto uma agência de viagens que vende um pacote de 5 mil reais a um turista, ser responsabilizada pelo erro, sendo que a mesma lucra apenas R$ 600,00 do total do pacote, além de relatarem que o erro não foi cometido pela agência.

Nesta corrente as entidades nacionais de turismo mais representativas estão unidas inclusive visitando senadores e deputados para fazer lobby com vistas à aprovação da Lei.

Quem desaprova a mudança da lei, argumenta que o papel do consultor de turismo atual, implica em indicar bons hotéis e serviços garantidos, bem como destinos e todas as informações possíveis nas quais são de relevância ao turista, com exceção de variáveis incontroláveis. Logo, ao vender um pacote ao turista, o consultor estará garantindo indiretamente os serviços prestados.

Os principais líderes para desaprovação são os órgãos de defesa do consumidor, que julgam ser uma perda de uma das conquistas do consumidor brasileiro.

Para Kaká, presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagens: “Não é justo que uma pequena agência responda e pague por prejuízos causados aos consumidores por atrasos aéreos, entre outras situações que fogem do controle e da responsabilidade objetiva da agência de viagens”


Já Maria Inês Dolci, coordenadora institucional da Associação Brasileira de Defesa do Consumidor - Pro Teste, "se virar lei, criará um privilégio inexplicável, sob a óptica do ordenamento jurídico do Brasil, para as agências de turismo, em relação, por exemplo, a lojas, a supermercados e outros setores de comércio e serviços. Por que um consumidor se valeria dos serviços de uma operadora de turismo, se esta não lhe assegurasse o pleno cumprimento do que foi prometido? Por que o turista pagaria taxas a uma agência de turismo, se esta nada tivesse que responder, no caso do descumprimento do que foi acordado e pago? Não há explicação para tamanha infração aos direitos do consumidor"

A ABAV faz lobby. A Pro Teste envia carta pedindo ao presidente o veto do artigo. E você turismólogo? Como se posiciona?

As agências de viagens não devem ser responsabilizadas pelos danos aos turistas sendo que foi esta quem o vendeu o produto? Qual é o controle que a agência de viagem tem sobre o produto vendido? Diante da remuneração (cerca de 12% do valor total) você pensa ser justo uma agência ser responsabilizada? E o turista, como fica nesta história?

Lembrem-se que a opinião de cada um não está sob avaliação, e sim seus argumentos.

Boa discussão e até quinta.

Abraços,

Prof. Lélio Kikuchi
Prof. Alexandre Ribeiro