18 de nov. de 2010

A polêmica no setor de Agenciamento continua

Desde março deste ano, quando foi divulgado que as companhias aéreas internacionais que atuam no Brasil (pelo menos 20) não mais pagariam às Agências de Viagens a comissão pela venda de passagens, o assunto se arrasta pelo ano.

O fato é que são os próprios agentes de viagens que estão divididos.

No mercado nacional, todas as companhias aéreas já deixaram de pagar as comissões aos agentes e incluíram uma taxa de serviço no preço final, paga pelo passageiro. Na prática isso é como pagar os 10% do garçom nos bares e restaurantes. Porém, caso passageiro compre a passagem pela internet, ou seja, direto na companhia aérea, sem intermediários, estes 10% não são cobrados.

Em suma, ao consumidor, é mais barato comprar passagens direto pela internet do que comprá-la do agente de viagens.

Porém, esta prática não foi criada no Brasil. Na Europa e Estados Unidos já é praxe há alguns anos.

No entanto, para vôos internacionais, as companhias aéreas ainda comissionavam os agentes de viagem, seja em 3%, 6% ou 7%, dependendo de cada empresa aérea. Esta prática, para muitos, era mantida por se tratar da dificuladade de atingir o público de outro país para os vôos das companhias aéreas.

Por exemplo, como saber quem faz vôos para China, se nenhuma empresa aérea chinesa opera no Brasil? Contudo, o agente de viagens o faz chegar à China, a partir do Brasil.

Mas esta realidade mudou de forma anunciada e desde então tem gerado muitas polêmicas. O presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens - ABAV, vem lutando bravamente e usando armas políticas como pedindo interferência da Agência Nacional de Aviação Civil - ANAC. sem contar as críticas pela interferência da Associação Internacional de Transporte Aéreo - IATA.

O presidente da ABAV propõe que as empresas internacionais ao menos incluam a remuneração dos agentes de viagem nos bilhetes. Por outro lado, as companhias internacionais querem que os agentes de viagens cobrem suas remunerações sem incluir este valor no bilhete aéreo.

Alegando perda de mercado e concorrência com os próprios fornecedores, alguns agentes de viagens compram a briga de forma efusiva. Outros agentes, preferem não dar tal importância ao assunto, uma vez que a prática já é mundial e que a remuneração pela consultoria em viagem é justa e comum.

"Assim como pagamos comissão ao advodgado e ao garçom da esquina, remuneramos médicos e engenheiros, porque não podemos cobrar esta remuneração? Enquanto os próprios agentes de viagens não se valorizarem, nenhuma companhia aérea irá nos valorizar", comenta Fernanda, agente de viagens que não vê razão para tanta polêmica e briga.

Sabendo da importância das agências de viagens para a atividade turística, como você vê esta questão? Há necessidade desta briga e polêmica para inclusão da remuneração no valor do bilhete? Cobrar o mesmo valor do cliente e distribuidor é justo? O futuro do mercado de agenciamento é a remuneração independente das comissões?

12 de nov. de 2010

O(s) gargalo(s) do turismo brasileiro

No dia 09 de agosto, o Diário do Turismo publicou em seu portal uma matéria do jornal O Estado de S. Paulo que relata uma pesquisa sobre infraestrutura:

Infraestrutura do Brasil é reprovada em estudo

A qualidade da infraestrutura brasileira é das piores no mundo, mesmo com a arrancada dos investimentos nos últimos quatro anos. Comparado a outros 20 países, com os quais concorre no mercado global, o Brasil ficou apenas na 17.ª colocação no quesito qualidade geral da infraestrutura, empatado com a Colômbia. Numa escala de 1 a 7, o País teve nota 3,4, abaixo da média mundial, de 4,1.

As informações são de um estudo inédito da LCA Consultores, cuja fonte foi o relatório de competitividade 2009/2010 do Fórum Econômico Mundial, localizado em Genebra, na Suíça. A avaliação é feita por empresários e especialistas de cada nação. No Brasil 181 questionários foram respondidos. A má qualidade de estradas portos, ferrovias e aeroportos brasileiros não chega a ser novidade. Mas faltava uma comparação internacional que desse uma noção mais clara de quão atrasado está o País.

A distância que separa o Brasil das primeiras posições é enorme. A França, que ocupa o topo da lista, teve nota 6,6, seguida de Alemanha (6,5) e dos Estados Unidos (5,9). Entre as outras nações que deixaram o País na rabeira estão o México, a China, a Turquia, a África do Sul e o Chile. "Ficamos décadas sem investir e isso fez com que acumulássemos gargalos que ainda se refletem no estado atual da nossa infraestrutura", diz o economista-chefe da LCA Consultores, Braulio Borges, autor do estudo.

Foi no item qualidade da infraestrutura portuária que o Brasil teve o pior desempenho. Com 2,6 pontos, o País foi o lanterninha do ranking, bem distante da média mundial de 4,2. No setor ferroviário, o padrão de qualidade brasileiro só não é pior que o da Colômbia: teve nota 1,8, ante uma média mundial de 3,1. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




Refletindo sobre a pesquisa, os apagões aéreos, as condições das rodovias brasileiras e a entrevista abaixo, também do Diário do Turismo (09/11/2010), comente sobre este(s) gargalo(s) para o desenvolvimento do turismo nacional:



Adrian Ursilli: gargalos do setor impedem crescimento da indústria dos cruzeiros

O crescimento da indústria dos cruzeiros marítimos nunca foi segredo e a capacidade do Brasil atender a demanda dos amantes do mar menos ainda. Nos últimos dez anos o mercado mundial de viagens marítimas cresceu 623% e a MSC Cruzeiros, que hoje é líder no Brasil e na América do Sul, aumentou o número de seus hóspedes 42 vezes em sete anos. Esses e outros números são anunciados por Adrian Ursilli, diretor comercial e de marketing da MSC Cruzeiros no Brasil. "Segundo estatísticas, existem no Brasil 25 milhões de pessoas com capacidade para consumir produtos turísticos da ordem dos valores de cruzeiros", diz Ursilli nesta entrevista exclusiva ao Diário.


Mas o mar não está calmo e surgem turbulências no horizonte. Para a temporada 2010/2011, a MSC Cruzeiros, pela primeira vez, reduzirá o número de navios na costa brasileira. E isso tem razões óbvias: falta de infraestrutura portuária e os altos custos das operações da companhia. Com os cinco navios que virão para a alta temporada da América do Sul, a expectativa é atingir o mesmo número de hóspedes (300 mil) que na temporada passada. "Para se ter ideia, os custos no Brasil são dez vezes mais altos que em países europeus, onde há respaldo de infraestrutura. Estamos empenhados nas negociações com o governo e agimos de acordo com o que está ao nosso alcance, mas ainda não é suficiente", afirma o diretor na entrevista ao jornalista Paulo Atzingen, editor do DT. Além desses e outros assuntos, Adrian fala das expectativas de vendas para a temporada 2010-2011, sobre o crescente acesso da classe C à viagens até então inimagináveis e dá sua opinião sobre o Termo de Ajuste de Conduta (TAC) que garantirá um conjunto de novos direitos aos colaboradores dos navios de cruzeiro. Leia a seguir entrevista completa:

Diário - A MSC anunciou em agosto deste ano a encomenda de seu 12º navio: o MSC Divina, com a presença inclusive do presidente da França, Nicolas Sarkozy. Quais são os critérios utilizados para a vinda de navios novos para o Brasil?

Adrian Ursilli- A qualidade dos terminais influencia bastante no crescimento do setor. As empresas em geral precisam de uma infraestrutura mínima para manter e aumentar os seus navios e oferecer uma boa qualidade de atendimento para o embarque/desembarque de seus passageiros e colaboradores. Pensando em todos os problemas que a MSC Cruzeiros e as outras empresas do setor têm enfrentado é complicado pensar na vinda de novos navios. Mas havendo incremento no segmento, é uma grande possibilidade.

Diário - A MSC inicia nesta temporada 2010/2011 escalas em São Francisco do Sul. Quais são os critérios que vocês utilizam quando escolhem um novo destino costeiro?

Adrian - Há diversas cidades que certamente seriam excelentes escalas por serem voltadas ao turismo, terem uma beleza natural e história incríveis, mas infelizmente, não contam atualmente com a estrutura portuária adequada para a parada de navios de grande porte. O objetivo da MSC Cruzeiros é continuar pesquisando e buscando novas alternativas de destinos atrativos e seguros para o desembarque de seus hóspedes, entretanto mesmo com uma faixa litorânea extensa, esse tem sido um desafio constante para o desenvolvimento da atividade no Brasil. Poucas cidades possuem projetos de melhoria em andamento e a previsão de qualquer avanço no futuro ainda é incerta, além dos altos custos de operação, que podem inviabilizar o desenvolvimento de um destino.

Diário - A MSC vem se posicionando de uma forma critica, no entanto muito equilibrada e coerente sobre a situação dos portos no país. O senhor poderia nos dar detalhes sobre essa insatisfação? O que mais deixa a desejar nos portos brasileiros?

Adrian - O Brasil é o segundo maior mercado para a MSC Cruzeiros, mas as condições de infraestrutura e os altos custos praticados acabam dificultando as operações da companhia. A nossa contribuição para a economia tem sido bem relevante. Temos mais de 400 escalas previstas para a temporada 2010/2011, o que deve gerar cerca de R$ 450 milhões de impactos econômico para o país considerando nossas despesas diretas e indiretas e a estimativa de gastos dos hóspedes. Mas as previsões para o futuro não são tão boas.

Diário: O senhor poderia dar detalhes desse gargalo?

Adrian: Para se ter ideia, os custos no Brasil são dez vezes mais altos que em países europeus, onde há respaldo de infraestrutura. Estamos empenhados nas negociações com o governo e agimos de acordo com o que está ao nosso alcance para que as mudanças realmente ocorram, mas ainda não é suficiente. Precisamos enfrentar problemas que interferem no crescimento do setor. Apesar do país ser o sexto maior mercado no ranking mundial de cruzeiros marítimos, o crescimento pode ficar estagnado se não houver investimentos de infraestrutura portuária e adequação dos custos. No Brasil, os altos custos de operação portuária não correspondem à infraestrutura oferecida. Há falta de berços para atracação, deficiências nos terminais de passageiros e nos espaços para armazenamento de bagagens.

Trabalhamos para oferecer sempre o melhor e mais adequado ao povo brasileiro, por isso, estamos formulando diversos produtos e serviços para conquistar todas as classes sociais. Além dos cruzeiros de maior duração, temos os minicruzeiros voltados para a nova classe média, com 3 ou 4 noites Além disso, temos a maior quantidade de temáticos se comparado com as outras companhias, o que atrai cada vez mais novos públicos, porém a infraestrutura portuária e turistica oferecida ao público não acompanha o nível de qualidade de nossos produtos.

Diário - Quais são as expectativas para a temporada 2010/2011?

Adrian - Para 2010/2011, a MSC Cruzeiros tem projeções mais modestas. Com os cinco navios que virão para a alta temporada da América do Sul, a expectativa é atingir o mesmo número de hóspedes (300 mil) que na temporada passada. Por conta dos gargalos de infraestrutura e altos custos portuários desproporcionais aos serviços oferecidos, o crescimento poderá ser inibido.

De qualquer forma, a companhia fará um investimento ainda maior em minicruzeiros de 3 e 4 noites, com um navio exclusivo para esse fim: o MSC Armonia, que tem saídas de Santos e Rio de Janeiro durante toda a temporada. O MSC Musica terá minicruzeiros e saídas de 6 e 8 noites sempre do porto carioca - uma grande novidade para a cidade; o MSC Orchestra e o MSC Opera terão Santos como home port; o MSC Lirica passará a embarcar em Buenos Aires e a cidade de São Francisco do Sul é o mais novo itinerário no sul do País.

Diário - Faça uma análise da especial mudança de paradigma sobre o cruzeiros no Brasil. O que antes era um produto de consumo para poucos hoje é possível para muitos. O que ocorreu?

Adrian - O potencial do mercado de cruzeiros marítimos é enorme e o Brasil entrou nessa era depois de ver o mundo usufruindo de viagens em alto mar. Segundo estatísticas, existem no Brasil 25 milhões de pessoas com capacidade para consumir produtos turísticos da ordem dos valores de cruzeiros. Além de todo o charme e conforto de um navio, a relação custo/benefício é realmente chamativa, já que além de transporte, o cruzeiro também oferece um roteiro atrativo a cada dia, com o conforto e a praticidade do hóspede não ter que carregar malas de um destino ao outro. Sem contar, é claro, a variedade de atividades a bordo para todas as idades durante o dia e a noite.

Para se ter ideia, o mercado cresceu 623% e a MSC Cruzeiros, que hoje é líder no Brasil e na América do Sul, aumentou o número de hóspedes 42 vezes em sete anos. A MSC Cruzeiros tem investido cada vez mais, oferecendo minicruzeiros e temáticos para agradar a todos os públicos.

Diário - O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), juntamente com o Ministério Público do Trabalho (MPT) elaborou um Termo de Ajuste de Conduta (TAC) que garantirá um conjunto de novos direitos aos colaboradores dos navios de cruzeiro. O que o senhor acha desse documento? Como a MSC vem trabalhando essa relação empresa x empregado?

Adrian - Todas as empresas devem se comprometer e agir de acordo com as leis trabalhistas. Com a MSC Cruzeiros não é diferente, investimos em capacitação e parcerias que incentivem o aumento de mão de obra especializada no setor, como nossa parceria com o Projeto Tripluantes do Futuro. Entendemos também que, os cruzeiros são um grande fator de desenvolvimento socioeconomico para os trabalhadores diretos e indiretos do setor.

As contratações de tripulantes são feitas diretamente pela nossa matriz na Itália e a intermediação para selecionar tripulantes brasileiros é feita diretamente com as agências especializadas de recrutamento para cruzeiros, sempre seguindo os procedimentos e normas das leis trabalhistas locais.

4 de nov. de 2010

Brazil's sex tourism boom

Segue artigo publicado no site da BBC britânica, no dia 30 de julho de 2010. Leia o artigo praticando seus conhecimentos em inglês instrumental, reflita sobre a influência na imagem do Brasil no exterior e faça seu comentário em português.

Young children are supplying an increasing demand from foreign tourists who travel to Brazil for sex holidays, according to a BBC investigation. Chris Rogers reports on how the country is overtaking Thailand as a destination for sex tourism and on attempts to curb the problem.

Her small bikini exposes her tiny frame. She looks no older than 13 - one of dozens of girls parading the street looking for clients in the blazing mid-afternoon sun. Most come from the surrounding favelas - or slums.

As I park my car, the young girl dances provocatively to catch my attention.

"Hello my name is Clemie - you want a programme?" she asks, programme being the code word they use for an hour of sex. Clemie asks for less than $5 (£3) for her services. An older woman standing nearby steps in and introduces herself as Clemie's mother.

"You have the choice of another two girls, they are the same age as my daughter, the same price," she explains. "I can take you to a local motel where a room can be rented by the hour."

I make my excuses and head towards the bars and brothels of the nearby red-light district.

Despite assurances of a police crackdown, there appears to be little evidence of child prostitution disappearing from the streets of Recife. In four years' time, the country will be hosting the World Cup, which will fuel its booming economy.

Brazil has defied the global economic downturn thanks, in part, to its exotic, endless beaches attracting record numbers of tourists.

The country's erotic reputation has long been attracting an unwanted type of tourist. Every week specialist holiday operators bring in thousands of European singles on charted flights looking for cheap sex. Now Brazil is overtaking Thailand as the world's most popular sex-tourist destination.

Underage

As night falls, the sex tourist's playground in Recife, in the state of Pernambuco, comes alive. Prostitutes mingle with tourists, dancing at their sides and eyeing up potential business. The legal age for prostitution is 18, but many look much younger.

Taxi drivers work with the girls who are too young to get into the bars. One offers me two for the price of one and a lift to a local motel.

"They are underage, so much cheaper than the older ones," he explains as he introduces me to Sara and Maria.

Neither has made any attempt to disguise their age. One clings to a bright pink Barbie bag, and they hold each other's hands looking terrified at the possibility of potential custom.

Recife's red-light area is now crammed with cars slowly crawling past groups of girls parading their bodies.

One of them, Pia, is dressed in a cropped pink top and mini skirt. The 13-year-old agrees to speak to me about her life as a child prostitute. She explains that she works from the same street corner every night until dawn to fund her and her mother's crack cocaine habit.

"I usually have more than 10 clients per night," she boasts. "They pay 10 reais (£3.50, $5.50)) each - enough for a rock of crack."

For safety, Pia works with a group of older girls who act as pimps, taking care of the money and watching over the younger ones.

"There's lots of girls working around here. I'm not the youngest, my sister is 12, and there's an 11-year-old." But Pia is worried about her sister: "Bianca hasn't been seen for two days since she left with a foreign guy," she says.

Pia first started working as a prostitute at the age of seven, and Unicef estimates there are 250,000 child prostitutes like her in Brazil.

"I've been doing it for so long now, I don't even think about the dangers," Pia tells me. "Foreign guys just show up here. I've been with lots of them. They just show up like you."

Crackdown

Just a couple of streets away the pavement is lined with transvestites touting for clients. Among them 14-year-old Ronison and 12-year-old Ivan.

The cousins look convincing in their stilettos, mini skirts and blouses, and heavy make up.

"We need to earn money to buy rice and staple foods for our families," Ronison explains as he flicks back his long bobbed hair. "Our parents don't worry about us too much. We tell them when we are leaving and when we're coming back. And then we give the money to them to buy food. They know how we get the money, we just don't discuss it"

Most sex tourists used to head to the city of Fortaleza some 500 miles away.

But not anymore. For the past year, the state capital of Ceara - which also a World Cup host city - has been sending a clear message to sex tourists that they are not welcome. Every week a dozen armed cars and federal police armed with AK-47s sweep through the streets of the red-light district, breaking down the doors of motels and brothels, arresting offenders and taking underage girls into care.

Eline Marques, the city's secretary of state for child protection, claims her relentless raids are having an effect.

"We have shut down many establishments in Fortaleza. Entire streets are now cleared of prostitution. My aim is to intensify these raids in time for the World Cup, targeting the very tourism that encourages child prostitution," she says.

Other states have indicated that they are monitoring Ms Marques' campaign and, if deemed successful, could follow suit.

'Terrified'

But for every sex establishment that is shut down, every sex tourist arrested, there are victims.

Many are taken to charity run homes. The Centro de Recuperacao Rosa De Saron near Recifi is full to capacity because many of the girls can't be returned home to the poverty that drove them into prostitution. They are sent there from all over Brazil.

Twelve-year-old Maria wants to live with her mother but she can't because her pimp, who forced her to work on the streets and in brothels, threatened to kill her if she tried to escape. She told me that she is still terrified for her life.

"I had no choice but to do what he said. I felt I was losing my childhood, I was only nine years old," she says. "I was scared. Sometimes if I came back without money for him he'd hit me."

Jane Sueli Silva, who founded the centre, says most of the girls are between 12 and 14 when they arrive.

"Many of them arrive here with serious problems like cervical cancer," she says. "As the cancer is normally at only early stage, we can help them and thank God the cure is normally always successful."

Some girls also turn up pregnant, their child fathered by a sex tourist.

Hopes

The British charity Happy Child International plans to build more centres to house a growing number of child prostitutes.

"The crisis for these children turning to prostitution has increased significantly in the north-east of Brazil over the last few years, fuelled by increasing numbers of foreign tourists who travel to Brazil for sex holidays," says Sarah de Carvalho of Happy Child International.

"It is so important to take the children away from the lure of the streets and break the cycle and give them a safe place to live and receive help."

But charities and police crackdowns have yet to reach children like Pia, the 13-year-old prostitute whom I met on the streets of Recife.

Her home is a small shack she shares with her mother, two brothers and 12-year-old sister, who had still failed to return home. It was nothing more than a crumbling shed with two sofas acting as a bed and a plastic bucket to wash clothes and plates.

When I asked Casa if her daughters' work in prostitution breaks her heart, she appeared more concerned that they fail to bring home money. "If they make money they don't bring it home. No - they don't bring any money home," she said.

Pia told me that one day she hopes to break out of prostitution. She said she had heard of charities that provide a home for girls like her.

"Every day I ask God to take me out of this life. Sometimes I do stop, but then I go back to the streets looking for men. The drug is bad, the drug is my weakness and the clients are always there willing to pay."

Our World: Brazil's Child Prostitutes is broadcast on BBC World and the BBC News Channel on 31 July and 1 August at various times.


Available at(disponível em): http://www.bbc.co.uk/news/world-10764371

2 de nov. de 2010

Book de mulheres em hotéis


Não é raro que em hotéis, principalmente em hotéis que atuam com o segmento de negócios, têm em suas recepções ou em lugares mais discretos, um book de mulheres "acompanhantes".

Este serviço é defendido por alguns como uma prática universal onde hotéis do mundo todo dispõem de várias formas, discreta ou descaradamente, com consentimento ou não dos gerentes, books de "acompanhantes" que são apresentados aos clientes.

Há gerentes de hotéis que relatam que a prática é "apenas mais um serviço do hotel ao cliente que, pela sua 'característica', demanda tais serviços". Essa tal característica relatada, seria por se tratar de homens que viajam a negócios e encontram em companhias de moças, seja para simplesmente acompanhar, seja de fato prostituição, um escape para "solidão" da viagem.

Contudo, os hotéis raramente (será?) mantêm vínculo comercial com a prática, autorizando outro "empreendedor" a atuar na área. Esta atuação, por sinal, vem a cada dia se especializando. Há alguns anos, a prática era com meros cartões de visitas, evoluiu para books e atualmente, até DVDs com fotos e vídeos são encontrados em grandes centros de viajantes a negócios.



Por outro lado, alguns hotéis não permitem esta prática, alegando que corrompe a imagem de seriedade e profissionalismo que representam. Contudo, a justificativa é ignorada pelos hotéis que permitem a prática, alegando que não há ilegalidade.

A legalidade da prática é verídica, sofrendo vistoria apenas na questão da prostituição infantil, isso quando ocorre a vistoria.

Como planejadores do turismo, como procederiam com esta prática em um destino administrado por vocês? Como avaliar a prática legal desta modalidade comercial com um turismo de excelência? Qual a relação desta prática com a prostituição infantil?

21 de out. de 2010

O PAGAMENTO DE GORJETAS – O BRASILEIRO É PÃO DURO, OU SIMPLESMENTE MAL ORIENTADO?

O tema desta semana traz um questionamento de Martin Jensen, presidente da Queensberry Operadora e um dos blogueiros do Portal PANROTAS.



O PAGAMENTO DE GORJETAS – O BRASILEIRO É PÃO DURO, OU SIMPLESMENTE MAL ORIENTADO?

Duas conversas recentes me fizeram ponderar porque os Brasileiros em geral são aparentemente cada vez “menos generosos” na hora de pagar gorjetas.

A Queensberry opera mais de 300 viagens em grupo todo ano e sempre informamos os clientes que todas as gorjetas (aos guias locais, aos motoristas e aos carregadores) são incluídas no preço publicado, com a única exceção da “tradicional gorjeta” ao guia permanente no final da viagem, que fica a critério de cada passageiro. Conversando com um dos nossos mais experientes guias, ele me informou que os valores que ele e seus colegas recebem são cada vez menores, mesmo que os passageiros continuam dando “nota 10” à atuação do guia permanente nos ”opinários” que completam no final de cada viagem.

Conversando com o Guest Relations Officer a bordo de um dos navios da Princess Cruises, ele me contou de um caso bem mais sério! Quase todos os navios grandes cobram gorjetas (em torno de US$ 10.00 por pessoa por dia) que normalmente são recebidas dos passageiros em envelopes na última noite do cruzeiro; estes valores são destinados às camareiras, aos garçons e ao maitre D, formando assim uma parte substancial da remuneração dos mesmos. Se, por algum motivo, um passageiro achou o atendimento a bordo inferior ao esperado, ele tem sempre o direito de recusar o pagamento, mas isso quase nunca acontece. Mesmo que eu pessoalmente nunca concordei com esta política – acreditando que o preço do cruzeiro deveria incluir a remuneração total dos funcionários em todos os níveis – a política é quase universal e os passageiros sempre recebem informações sobre esta cobrança na hora de comprar o cruzeiro.

Alguns anos atrás, a Princess Cruises adotou a política de debitar este valor (US$ 120.00 por pessoa para um cruzeiro de 12 noites) na conta dos extras dos passageiros, em lugar de colecionar envelopes com dólares na última noite. Da mesma maneira de antes, um cliente pode exigir o cancelamento deste débito se ele não estiver satisfeito com o serviço a bordo.

No caso em questão, o Guest Relations Officer me contou que, num cruzeiro recente que tinha mais de 500 brasileiros a bordo, um passageiro descobriu que o débito na conta dos extras poderia ser estornado se o passageiro exigir, e imediatamente disseminou a noticia entre um grande número dos brasileiros a bordo. Logo se formou uma fila de brasileiros no Purser’s Desk, todos solicitando o estorno do referido débito – mesmo que ninguém tenha feito uma sequer reclamação quanto ao serviço a bordo. Entendo que nunca houve um caso semelhante em qualquer navio da Princess Cruises.

Eu me pergunto se esta aparente “falta de generosidade” pode estar relacionado com a falta de conhecimento das práticas no mundo lá fora, que deixa o brasileiro tão desorientado na hora de decidir quanto pagar que ele acaba pagando nada! Quem mora num país (o único do mundo?) onde taxistas nem esperam gorjetas, enquanto manobristas de restaurantes e flanelinhas recebem valores absurdamente altos, pode ser perdoado por faltar padrões lógicos sobre o valor a ser pago.

Como estrangeiro com residência permanente no Brasil, sempre achei e continuo achando os brasileiros o povo mais simpático e generoso do mundo – de fato o principal motivo pela minha decisão, há 29 anos, de emigrar da Inglaterra para morar aqui. Gostaria muito se alguém poderia explicar porque, então, não é bem assim na hora de pagar gorjetas !

MARTIN JENSEN

15 de out. de 2010

A Nova Classificação Hoteleira


Após longa e polêmica negociação, o Ministério do Turismo, como cosnta na matéria de Johanna Nublat na Folha de São Paulo do dia 17/09/10, divulga alguns padrões da nova classificação hoteleira:

TURISMO - Ministério do Turismo muda ranking por estrelas em hotéis /

Classificação considera oferta de serviços, sem medir qualidade.

Para um hotel ganhar o carimbo de cinco estrelas, ele vai precisar ter colchões maiores que o normal (queen ou king), piscina e sauna, quartos com banheira disponíveis e, no mínimo, oito "amenidades" - itens como xampu e touca de banho.

Esses são alguns dos requisitos previstos na nova classificação de hotéis, feita pelo Ministério do Turismo e pelo Inmetro e que estará disponível até dezembro. Depois desse prazo, apenas os hotéis que quiserem se submeter à inspeção poderão usar o título de cinco estrelas.

O ranking por estrelas estava em desuso no país. Em fevereiro, quando o antigo sistema de classificação foi suspenso, o Brasil tinha apenas 12 hotéis oficialmente estrelados. Os registros venceram, e o total caiu para quatro hotéis.

Número de estrelas

O número de requisitos necessários para se alcançar determinada classificação depende, por exemplo, do tipo de hospedagem (hotel, pousada, flat) e da quantidade de elementos obrigatórios e eletivos.

A classificação leva em conta se há ou não os itens e não mede a qualidade do serviço prestado -o que deverá ser feito por meio de um selo a ser lançado no ano que vem. As novas regras miram a Copa do Mundo e a Olimpíada no Rio de Janeiro.

"Fugindo das grandes redes, mais conhecidas, qual é o padrão que determinado hotel diz ter? Ninguém sabe", diz Ricardo Moesch, diretor do departamento de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico do ministério.


Ricado Moesch do MTur - coordenador da nova classificação

Os passos para receber a nova classificação são:

Primeiro: os meios de hospedagem preenchem uma auto-declaração de tipo de empreendimento;

Segundo: O Inmetro fará uma inspeção e, em seguida, o registro do empreendimento – o registro será válido por três anos;

Terceiro: em inspeções anuais agendadas pelo Inmetro certificarão a manutenção dos equipamentos. Em empreendimentos de quatro e cinco estrelas também receberão uma outra inspeção, de cliente oculto, a cada três anos.

O site especializado em hotelaria Hotelier News (http://www.hoteliernews.com.br/hoteliernews/hn.site.4/NoticiasConteudo.aspx?Noticia=56558&Midia=1) divulgou a opinião de alguns profissionais:

Para Bruno Omori, diretor executivo da ABIH-SP (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis - sucursal SP) as mudanças vêm para melhorar, já que com o antigo padrão, simplesmente nenhum hotel de São Paulo tinha classificação.

José Eduardo Barbosa, presidente a BRAZTOA (Associação Brasileira de Operadoras de Viagem) diz que a nova classificação é uma conquista para o consumidor, que agora terá mais claramente um padrão e consequentemente, uma comparação.

Gustavo Syllos, diretor de Marketing e Vendas da Slaviero Hotéis, acredita que a antiga classificação confundia e que apesar de concordar com o novo padrão, sugere que hotéis de negócios sejam classificados de forma diferente que hotéis de lazer.

E você? Qual asua opiniçao acerca da nova classificação e os pontos levantados pelos profissionais: negócios e lazer devem ter classificação diferentes? A antiga classificação de turística, luxo, econômica e etc. não funcionou no Brasil por quais motivos? O que pensa sobre a auto-declaração de empreendimentos em resort, apart/flat, pousada, cama&café, etc?

7 de out. de 2010

Turismo de Favela e seus impactos na comunidade


Tratado até em telenovelas, o Turismo de Favelas tem gerado boa discussão por parte de planejadores de turismo.

No dia 17 de agosto do presente ano, o jornal Estado de S. Paulo publicou na coluna Visão Global, pág. A13, matéria do jornal norte americano The New York Times, assinada pelo queniano Kennedy Odede:

O Turismo não ajuda as favelas

Turistas que buscam esse tipo de aventura levam fotos e roubam o pouco de dignidade que restou nos moradores.

"O turismo em favela tem uma longa história. Nos anos 1800, nova-iorquinos ricos costumavam andar por Bowery e pelo Lower East Side para ver como a "outra parte" vive. Com as populações hurbanas no mundo em desenvolvimento se expandindo rapidamente, a oportunidade e a demanda para ver a pobreza diretamente nunca foram tão grandes. Os locais mais procurados são o Rio de Janeiro, Mumbai (Índia) graças ao filme Quem quer ser um milionário? e Kibera em Nairóbi (Quênia), maior favela da África e o local onde nasci.

O turismo em favelas tem seus defensores que dizem que ele promove a consciência social e propicia um bom dinheiro - que ajuda as comunidades.
Mas não vale a pena. Esse tipo de turismo transforma a pobreza em entretenimento, uma coisa experimentada momentaneamente e depois esquecida completamente. As pessoas acham que realmente viram alguma coisa, mas seguem suas vidas e vão embora e nos eixam, eu, minha família e minha comunidade da mesma maneira que antes.

Eu tinha 16 anos quenado vi pela primeira vez um grupo de turistas visitando a favela. Estava em minha cas de 9 metros quadrados lavando pratos, olhando para a louça com ansiedade porque não comia havia dois dias. De repente, vi uma mulher branca que me fotografava... Senti-me como um tigre na jaula. Antes que pudesse dizer algo ela já se fora.

os 18 anos fundei uma organização que presta serviços financeiros, desaúde e educação para os moradores de Kibera. Uma cineasta da grécia veio me entrevistar sobre o trabalho que realizamos e quando caminhávamos pelas ruas, passamos por um velho defecando em público. A mulher virou-se ara seu câmera e disse: "ei, olhe aquilo!". Por um momento vi minha casa pelos olhos dela: fezes, ratos, fome, casas tão próximas que não dá pra respirar. Não queria que ela visse isso, não queria dar a ela a oportunidade de julgar minha comunidade apenas pela pobreza.

Outros moradores de Kibera seguiram por outro caminho. Um ex colega de escola começou a trabalhar com turismo e certa vez, o vi entrando em uma casa onde havia uma jovem em trabalho de parto com um grupo de turistas. Eles pararam e olharam para a mulher que gritava... Em seguida, o grupo prosseguiu a visita com as câmeras repletas de imagens da jovem que se contorcia de dor. O que eles aprenderam?
A mulher ganhou alguma coisa da experiência deles?

Para ser justo, muitos estranjeiros vão ás favelas querendo entender a pobreza e partem para casa com o que acreditam ser uma melhor compreensão de nossa miséria. A expectativa, tanto dos visitantes como dos organizadores das visitas é que a experiência possa levar turistas a empreender alguma ação em seu país de origem.
O mais provável porém é que nada ocorra. Afinal, olhar as condições de vida em Kibera é algo desolador.

Imagino que muitos visitantes acham que já foi suficiente ter suportado ver uma tal situação de miséria. Além disso essas pessoas nunca interagem conosco, não há diálogo, apenas alguns comentários ocasionais. O turismo em favela é uma rua de mão única: Eles tiram fotos e nós, perdemos o pouco de dignidade que ainda temos. As favelas jamais desaparecerão por causa de uma dezena de americanos ou europeus que passam por aqui com câmeras na mão... Existe sim solução para nossos problemas, mas elas jamais virão de visitas guiadas".




Além do já sabido tour pelas favelas cariocas, operados por agências receptivas internacionais, as chamadas “incoming”, que recebem cerca 3,5 mil visitantes por mês segundo a revista Veja, favelas de São Paulo também já têm operação, inclusive de uma das maiores operadoras de receptivo do país, como segue em matéria do jornal O Estado de S. Paulo, no dia 18/07/2010: (disponível em http://www.estadao.com.br/noticias/geral,agencias-de-turismo-oferecem-passeios-a-favelas-de-sp,582810,0.htm)

Agências de turismo oferecem passeios a favelas de SP

Em 2009, 1,6 milhão de visitantes estrangeiros passaram pelo Brasil, o que representa um crescimento de 33% em relação a 2004. A maior parte visita pontos tradicionais, mas um contingente cada vez mais relevante se interessa em visitar cantões mais pobres e até mesmo favelas de capitais como São Paulo.

Como o passeio é quase sempre feito por encomenda, o preço é alto - um tour médio de três horas varia de R$ 80 a R$ 200 por pessoa. Por isso, os clientes mais comuns são gente abastada, como executivos de empresas estrangeiras que atuam no País, cônsules e artistas. Esse público dificilmente visitaria uma favela sozinho, por causa da preocupação com a segurança, mas as agências garantem que não há risco. "A primeira coisa que me perguntam é se é perigoso. Mas, se você entrar lá comigo, logo vai ver que não tem nada disso", diz a guia Flavia Liz Di Paolo, que organiza visitas a Paraisópolis e Heliópolis.

Para divulgar o tour, Flávia aposta na propaganda boca a boca, mas também faz parcerias com hotéis e agências turísticas no exterior. A agência Check Point - que, além de Paraisópolis e Heliópolis leva turistas para outras favelas e até para a cracolândia - adota táticas parecidas. "Temos de mostrar não só o que São Paulo tem de bonito, mas o outro lado também. Quando levo alguém para uma favela ou para a cracolândia, faço questão de mostrar que temos um problema, mas que estamos melhorando e logo mais não teremos aquilo. É algo que também faz parte da cidade", explica Luciano de Abreu, o diretor da agência.




Turismo de Favela é realmente um usurpador de dignidade? Em que formatos esta modalidade de turismo pode acontecer de forma sustentável?

1 de out. de 2010

Turismo e Transporte Aéreo


Dia 19 de setembro deste ano, no jornal Folha de S. Paulo, a matéria de Cláudia Rolli e Janaína Lage divulga os resultados da pesquisa do Instituto Data Popular sobre o aumento do número de viajantes de avião da classe média:

Lazer motiva a nova classe média a viajar de avião
Passeios e visitas a familiares são as principais razões dos voos dessa faixa de renda; aeroporto ainda assusta


Entre pessoas que nunca voaram, 62% disseram que não ficariam à vontade em um aeroporto

Os passageiros da nova classe média que viajam pela primeira vez ainda têm no lazer a principal motivação para embarcar em um avião: 80% das viagens são a passeio ou para visitar a família.

Somente 14% das viagens são feitas em razão do trabalho, segundo o Data Popular.
Com renda na faixa de R$ 3.000 a R$ 3.500, a assistente administrativa Andréia Tomaz da Silva, 28, faz parte da classe C, maioria dos brasileiros que embarca pela primeira vez em um voo.

"Comprei em dez parcelas e fui com a minha irmã em férias para Natal. Agora, cada vez mais gente tem oportunidade de voar", afirma.

Parte dos novos passageiros ainda se sente constrangida com a novidade. Em pesquisa com 2.000 pessoas no segundo semestre do ano passado, 62% dos entrevistados que não tinham viajado de avião disseram que não ficariam à vontade em um aeroporto nem saberiam como se comportar.

O técnico Claudio Marcos Barbosa, 38, que aproveitou uma promoção e levou a irmã e a mãe para um passeio em Florianópolis, diz que as duas "sentiram na pele" a novidade da viagem.

"Deu para ver que as duas estavam ansiosas com os hábitos do aeroporto. Mas já se acostumaram e querem repetir a dose. Como agora avião não é mais só para ricos, dá para planejar outra viagem."

Sua família faz parte dos 85% dos brasileiros que pretendem viajar de novo, entre os que já viajaram de avião.

Pesquisa do Data Popular aponta ainda que existem 5,5 milhões de nordestinos que moram em São Paulo e são clientes potenciais das linhas aéreas para visitar parentes em seus Estados de origem.

"São pessoas que têm onde ficar e não precisam viajar de pacote. As empresas ainda não se deram conta desses consumidores", diz Renato Meirelles, do Data Popular.


A pesquisa do Data Popular corrobora com a notícia do jornal O Estado de S. Paulo de 11 de julho, onde divulga pesquisa feita pela FGV em que o turismo vai crescer o dobro do PIB – Produto Interno Bruto, em 2010.

Segundo a pesquisa (http://economia.estadao.com.br/noticias/negocios+servicos,turismo-vai-crescer-o-dobro-do-pib,not_26875,0.htm), enquanto o PIB brasileiro crescerá 7% em 2010, a atividade turística tem expectativa de crescimento na ordem de 14,6% em média. Este crescimento é impulsionado, principalmente pelas empresas aéreas, que anunciaram uma expectativa de crescimento de 21,2%. Por sua vez, os hotéis anunciaram expectativas de crescimento menores que 8%.

As expectativas de crescimento andam junto com a diminuição de preços e aumento de créditos. Cada vez mais empresas do tipo “low cost – low fee" ou “baixo custo-baixa tarifa” crescem no mercado turístico mundial. As condições de crédito que fazem com que pessoas possam viajar pagando em até 24 vezes, impulsionam esse tipo de empresa, cada vez mais constante entre as mais utilizadas pelos turistas.

A busca da baixa tarifa é tamanha, que após a divulgação da empresa aérea irlandesa Ryanair anunciar, no ano passado, os novos “assentos” de suas aeronaves, em que o passageiro viaja em pé, somente com um encosto para as costas.



As tarifas proporcionaram a empresa aumentar a capacidade dos aviões em 30% e reduzir custos em 20%.

Este ano, em evento na Califórnia, foi a vez da companhia italiana Aviointeriors anunciar o “assento” para viajar em pé, inclusive com direito a testes:


A aeronave tem 58 centímetros de espaço para as pernas entre as filas, enquanto os assentos habituais da classe econômica têm 78 cm.

Os “assentos” seriam utilizados apenas em vôos com ate 90 minutos de duração e já estaria liberados pelos órgãos de segurança.

Com o crescimento dos setores de turismo e aéreo como fatos consumados, proponho uma reflexão sobre a relação transporte aéreo x turismo. Qual é a dependência do turismo em relação ao transporte aéreo? O crescimento do turismo está aliado ao crescimento do transporte aéreo? Não há como fazer turismo sem este modal? De que maneira? Como fazer para que não haja dependência?

23 de set. de 2010

27 De Setembro Dia do Turismólogo: Festejar ou Organizar?

Este é o título de um dos artigos mais famosos sobre a profissão Turismólgo. De autoria do professor João dos Santos Filho, turismólogo, sociólogo, educador e filósofo. O artigo foi escrito em 2003, publicado pela Revista Turismo, com osegue na íntegra:

O termo turismólogo surge em meados da década de 1970, com o objetivo de categorizar uma formação acadêmica especifica que começava a ser gestada cientificamente no interior das faculdades de turismo existentes em São Paulo.

O primeiro curso, foi decorrente do pioneirismo da Faculdade Morumbi, atual Universidade Anhembi-Morumbi no ano de 1971. E em 1972, surge também, o segundo curso de turismo no Brasil na Faculdade Ibero-Americana de Letras e Ciências Humanas, atual Centro Universitário Ibero-Americano/UNICENTRO. Essas duas entidades educacionais situam - se na vanguarda do ensino, pesquisa e extensão do turismo, apesar de terem começado tímidas, em virtude dos recursos humanos, metodologia e conteúdos pedagógicos pouco claros e em sua maioria importados da Espanha, desenvolveram dentro do possível um trabalho extremamente pioneiro no campo do estudo do fenômeno turístico.

Cabe ressaltar que o fenômeno do turismo só vai ser visto epistemologicamente como mais próximo de nossa realidade e cercado como objeto de estudo acadêmico e científico com a criação em 1973 do curso de turismo na Universidade de São Paulo - Escola de Comunicações e Artes-ECA/USP.

Nesse caso, não poderíamos deixar de citar alguns professores e funcionários que foram visionários, pois estavam preocupados em estudar a atividade turística nacional como uma atividade que fosse além do tecnicismo instrumental no campo educacional. Aos funcionários que comandaram e ainda comandam o indispensável apoio administrativo sem o qual não poderíamos avançar no estudo do fenômeno estão: Izete Aparecida Martins, Célia Portugal Matta, ambas fundamentais nesse processo histórico.

Dos professores podemos pontuar com muito orgulho: Mário Carlos Beni, o pioneiro de todos e que se aventurou a aprofundar o estudo do turismo nacional e a questionar a inexistência de uma "política nacional de turismo" . A Sarah S. Bacal; Walter Rodrigues da Silva; Waldir Ferreira; Maria Fernanda F. Luis; Victor Ruiti Kiyohara; Olga Tulik; Sarah C. Da Viá. Todos com contribuições em seus campos e preocupados com o ensino e o estudo científico do turismo.

Destacamos aqueles que são resultados do esforço dos primeiros mestres: Mirian Rejowski que desenvolveu um trabalho impar e extremamente importante para o avanço da ciência do turismo caracterizando a produção científica no Brasil nesse campo. A Paulo Salles de Oliveira, brilhante interprete das obras de Joffre Dumazedier e o melhor estudioso do lazer no Brasil.

Entretanto, a década de 1970 ficou marcada como um dos momentos mais sangrentos da política brasileira, período extremamente conturbado no jogo das liberdades democráticas e da expressão. A imposição de uma universalidade plasmada pela ideologia da Escola Superior de Guerra - ESQ, possibilitou à ditadura militar desmontar e massacrar parte do movimento estudantil e sindical. Mascarando uma realidade cruel em que o seqüestro, prisão, tortura e a eliminação física eram práticas de uma política de apoio aos "democráticos" norte-americanos e uma repulsa aos comunistas chamados de inimigos da democracia.

Banalizou-se o congresso nacional instrumentalizando-o para atender aos interesses de políticos ligados aos coronéis da terra e testas de ferro a serviço das multinacionais. Segundo o antropólogo e escritor Darcy Ribeiro sobre esse período, afirma:

"Com a industrialização substitutiva, através da implantação de grandes fábricas das multinacionais, muda de imagem. Começa a ser vista pelo país como a grande bomba de sucção que nos sangra, Para carrear lucros para o estrangeiro."

Nesse meio surge o turismo como um curso novo para os empresários da educação que o enxergaram como exótico e bom de mercado, capaz de arrebanhar um contingente constituído de profissionais de várias áreas que atuavam no amplo campo do turismo; jovens ligados a aventuras induzidos e dispostos depois de formados a viver em outro país em virtude das condições de vida e da repressão dos militares; pessoas com idade acima de 30 anos que pretendiam atuar em outro campo e senhoras que desejavam por um fim em sua ociosidade de damas do lar e que já eram objeto dos movimentos feministas que começavam a se manifestar. Esses fatores vieram a contribuir que o curso de turismo uma das graduações mais procuradas e disputadas até hoje.

Porém outros motivos que nunca foram verdadeiramente explicitados nos escritos da época, mas sentidos por um grupo de professores e alunos mais críticos, necessitam ser avaliados. Quais as verdadeiras razões políticas e ideológicas que levaram o governo Federal a criar a Empresa brasileira de turismo - EMBRATUR, por meio do decreto - lei n.55 de 18 de novembro de 1966 ainda não foram totalmente estudados e documentos oficiais não foram liberados.

Quando fazemos a afirmação, que há outros motivos que levaram a criação da Embratur, podemos estender essa indagação aos cursos de turismo no Brasil, por uma questão de honestidade científica e acadêmica, vamos arrolar e refletir primeiramente os motivos já conhecidos:

● A existência do antigo e arcaico Conselho Federal de Educação que em "... resolução s/n de 28/01/71 ... fixou o conteúdo mínimo e a duração do curso superior de turismo."( Matias, 2002, p.4).Tornou o curso objeto de disputa de representantes de dois campos do saber, pois conselheiros e políticos usaram de varias artimanhas para inserir o curso de turismo junto às faculdades de Administração de Empresas e de Educação Física. Segundo a turismóloga, professora e escritora Marlene Matias essa idéia foi abandonada, mas sou obrigado a discordar pois essas intenções ainda aparecem com modulações variadas dentro e fora da categoria.
Os professores de Educação Física derivam para si com todo direito as atividades de ensino do lazer tanto no campo da teoria como na prática, porém muitos advogam a propriedade exclusiva dos conteúdos do lazer principalmente no que se refere ao estudo ontológico e histórico. O que me parece extremamente questionável pois para estudarmos o tempo livre, ócio, lazer e turismo, começamos como Karl Marx que por meio de duas de suas obras "Dos Grundrisse e do O Capital" discutem o tempo de trabalho. Paul Lafargue em seu livro de 1880 "O direito à preguiça" que traça um panorama universal da exploração do sistema capitalista sobre a humanidade, destacando o direito ao ócio dessas classes. Joffre Dumazedier com seus estudos pioneiros de tonalidade marxista, discutindo o fenômeno do Lazer como atividade extremamente educacional junto à população trabalhadora. Domenico Demasi sociólogo de formação weberiana, consegue mostrar a necessidade do governo em financiar a empresa privada para que o trabalhador usufrua do lazer. O Estado como mediador e agente financeiro para que o trabalhador usufrua o lazer e turismo. Todos foram ou filósofos, médicos, sociólogos que sinalizaram as raízes históricas do turismo e seus componentes, portanto a contribuição que está dada aparece no campo da epistemologia da ciência e não no campo exclusivo das ciências da Educação Física ou da ciência da Administração.

● O país estava vivendo o chamado por alguns de milagre brasileiro em que os índices de crescimento da economia batiam recordes mundiais. Porém, o aumento da miséria social e o abandono das riquezas da nação permitiram a rápida desnacionalização da economia e a internacionalização territorial e ideológica da vida Brasilis. A quantidade de miseráveis e o rebaixamento do padrão de vida do povo, levaram o Brasil a ser campeão no ranquim mundial como uns dos países com piores qualidade de vida.

Esse fato, afeta de forma direta os cursos e as faculdades particulares que viram seus investimentos serem corroídos pela situação de inadimplência dos estudantes e a econômica ser corroída pela inflação. Segundo Marlene Matias: "Nos primeiros anos de funcionamento do curso superior de turismo, houve uma demanda muito grande pelo mesmo, especialmente em São Paulo, o que desapertou o interesse de empresários da educação a investirem na abertura de outros cursos (...). Mas, a partir de 1976, ocorre uma queda sensível no número de ingressantes devido a uma série de fatores socioeconomicos".

Entretanto, não podemos esquecer que foi nesse período que ressurgiu com maior intenção a idéia de passar as vagas dos cursos de turismo para os cursos de administração. Essa lógica permaneceu ameaçadora até 1984, quando os turismólogos conseguiram de fato afastar os interesses escusos de donos de faculdades e do próprio Conselho Federal de Administração, pois essa atendia a dois fatores:

1. Tentativa desesperada para reerguer mercadologicamente os cursos de administração que começavam a apresentar um declínio na demanda, necessitando ampliar o leque das ênfases oferecidos pelo mesmo;
2. Incorporar o curso de turismo ao curso de administração, descaraterizando por completo a futura ciência do turismo e capitalizando o fenômeno para dentro do vasto campo da administração.

● Com relação ao corpo docente necessário para manter os primeiros cursos de turismo, houve pela UNIBERO a importação de alguns professores da Espanha que junto com professores da USP, conseguiram conviver e criar uma tipologia própria de conteúdo pedagógico, mesclando o fenômeno do turismo com a realidade brasileira.

Professores estrangeiros foram orientados sobre a realidade brasileira, professores brasileiros da USP com algumas exceções foram extremamente progressistas e mais que possa parecer paradoxal eram de esquerda, trazendo ao curso ares mais abertos e críticos com uma competência que hoje nos cursos aparece cada vez mais escassa.

● A falta de informação do curso para o aluno e a expectativa difusa sobre o que ele iria encontrar e qual a dimensão do mercado de trabalho. Tudo era um novidade, o mercado turístico seguia as regras dos interesses do Capital, nada se planejava, nada se organizava, pois para tudo e para todos estava o interesse e necessidades do turista e a da acumulação rápida da mais- valia. Turismo era sinônimo de viagem e entendido como uma atividade eminentemente técnica, o interessante é que assim enxergava e enxerga a Embratur quando propõe 1981 um currículo mínimo exclusivamente técnico:

A) Matérias Básicas
● Matemática;
● Estatística;
● Contabilidade;
● Teoria Econômica;
● Metodologia Científica;
● Planejamento e Organização do turismo;
● Legislação Aplicada;
● Mercadologia;
● Psicologia.

b) Habilitações Alternativas
1ª Opção - Hotelaria
● Organização Hoteleira e Técnicas Operacionais;
● Administração Financeira e Orçamento;
● Mercadologia Aplicada;
● Prática - Estágio.

2ª Opção - Agenciamento e transporte
● Produção e Organização de Serviços Turísticos;
● Administração Aplicada;
● Administração Financeira e Orçamento;
● Mercadologia;
● Prática - Estágio.

3ª Opção - Planejamento
● Sociologia;
● Organização de turismo Interno e Externo;
● Infra-estrutura Turística;
● Equipamento Turístico;
● Elaboração e Análise de projetos;
● Prática - Estágio.

Se compararmos esse currículo com com a proposta da ABBTUR, percebemos o tecnicismo que dominava e continua presente na Embratur, preocupada em atender o mercado, para que as universidades e faculdades formem "a mão de obra" (montem) um aluno dentro dos padrões de qualidade total, no qual o importante é sua funcionalidade, esmero e atendimento segundo os interesses do turista. Esse adestramento dentro dos padrões do tecnólogo, secundariza, oculta, inibe, dessistimula a consciência crítica e empobrece a visão de cidadania permitindo a formação de um turismólogo despolitizado.

● No início do curso com uma bibliografia nacional inexistente, os livros traduzidos configuravam realidades diferentes e muitos de duvidosa qualidade acadêmica. Hoje com uma publicação editorial nacional significativa que em qualidade ultrapassa a visão tecnicista, mas que insiste em apresentar uma leitura da realidade despolitizante, em que as funções do profissional são de sua inteira responsabilidade. Ocultando-se a situação do mercado de trabalho, colocando-a como se a mesma fosse culpa do profissional.

Diante desses fatos, podemos afirmar que os cursos de turismo implantados desde de 1971 até o presente, mostraram avanços significativos, graças as lutas dos estudantes, turismólogos e profissionais de outras áreas que dedicaram suas vidas a pensar e entender o fenômeno turístico. Mesmo sendo objeto de comentários e piadas por parte de alguns de nossos pares, as pessoas que agiram como pioneiros no estudo do turismo foram exemplares, pois enfrentaram preconceitos, ganharam respeitabilidade e ajudaram a criar um arcabouço teórico - metodológico próprio e nacional, comparado aos dos intelectuais do México e da França.

Com um realidade histórica, exclusiva e impar na América Latina, em que raças se mesclaram e se modificaram, nossa realidade exige o resgate do censo-crítico e de um estudo voltado à América Latina, pois hoje descobrimos mais do que nunca que somos latino americanos e não americanos ou europeus.

Os Discursos Alheios aos Interesses da Categoria - As falas do neoliberalismo diante do turismólogo

O processo no qual o sistema capitalista vêem navegando na atualidade configura - se em um movimento antí-dialético, portanto à histórico, cuja a tentativa é minimizar a leitura das contradições existentes na sociedade. Essa intenção só pode ser percebida e pensada quando desvendamos os mecanismos que buscam retardar a organização política sindical da sociedade civil, pois o desprezo pelo político não se limita ao processo partidário, mas sim, a tudo que se refere a atos e intenções relacionadas às formas de como se traduz a organização da categoria trabalho como fato que permite aos homens sinalizar, codificar e regularizar juridicamente seu espaço profissional.

Entendendo a sociedade como palco da luta de classes, nada pode ser mais nefasto do que os discursos e falas despolitizantes:

""emburguesamento", trabalha pela despolitização, provocando um descrédito na vida política e nos políticos em geral.
Os sindicatos e as associações perdem sua força de barganha, são hostilizados e ridicularizados pela sociedade e por seus próprios filiados, que acreditam que houve um esgotamento da luta de classes ...
A lógica é a negação da política e a adoração dos pensamentos livres, abertos, naturais e descomprometidos de qualquer objetivação teórico-filosófica, portanto, de tonalidade irracionalista. Este é o jogo da despolitização."

Esse movimento de negação da história aparece em virtude de nossa formação Cartesiana muito presente no pensamento da humanidade que se traduz dentro do seio de setores da academia que trabalham no sentido da volta de um purismo escolástico que acredita na neutralidade, pois parte do pressuposto que o sistema capitalista caminha para um redirecionamento inevitável de rumo no qual nossa atitude seria aderir ao seu modelo sem buscar as determinações, pois não devemos e não podemos pensar em modificá-las.

Esse entendimento, muito próprio dos neoliberais que pensam o fenômeno turístico de forma idealista buscando acreditar no equilíbrio e harmonia que deve ancorar o turismo sustentável, professam que:

1. A globalização para o turismo se constitui em uma solução para seu crescimento. Esse pensamento de base economicista esta preocupado com a entrada de recursos econômico, entendendo a transformação dos homens em simples mercadoria. Esse processo limita e embota a processualidade histórica, como brilhantemente comenta a professora Marutschka, quando diz:

"...o tratamento reducionista dado ao objeto turístico. Boa parte destas análises ora o enfoca sob a égide economicista como uma atividade apenas econômica, ora sob a ótica sistêmica, tratando-o como um sub-sistema."

Os fatos errôneos dessa visão, leva-nos a termos de lutar dentro e fora da academia contra aqueles que acreditam nas "boas" intenções do capitalismo para com o turismo. Bondosos idealistas se instalaram nas galerias do saber e desenharam um fenômeno turístico acritico, sustentável e desenvolveram programas modelares para o país, como forma de conscientizar a diversidade cultural por meio de um modelo estrangeiro que não atende as nossas peculiariedades de país continental.

Para nos que importamos dos Estados Unidos as bases do ensino superior no período do golpe militar por meio dos acordos "Mec-Usaid" e que fomos obrigados a suportar o fascismo desse governo, com seus aconselhamentos de civismo, moral e patriotismo imposto pelo ensino da escola militar dos americanos. Nada mais temeroso do que ter que ouvir a volta desses por meio da comédia que certamente virará tragédia, como bem alerta Karl Marx em seu livro Ideologia Alemã.

Tragédia é omitir os erros, limites e simplificações desses programas oficiais que apelam para o voluntariado e acabam excluindo o turismólogo e criando uma casta de treineiros pagos pela Embratur ou prefeituras que se vêem obrigadas a obedecer esses pedidos na esperança de serem certificadas como pólos turísticos.

2. Acreditar em programas com base no voluntariado, usando da "boa fé" de aposentados, alunos das faculdades de turismo e população nativa que acabam alimentando uma crença fanática aos programas estrangeiros e de gabinete, em que políticos faturam popularidade por meio de estatísticas super inflacionadas segundo interesses do governo.

3. Usar dos estudantes de turismo e dos turismólogos como massa de manobra, quando editam normativas como a 390/98 em que a Embratur delimitava e descreve nossas ações profissionais, porém para priorizar o PNMT, comprado da OMT ( quanto será que o Brasil pagou ou paga para usar uma metodologia ultrapassada? ). A Embratur em 2001 lança uma nova normativa a 421 que passa nossas funções para o Conselho Municipal de turismo.

A existência por parte da Embratur de uma história de normas desastrosas que obrigavam nossos hotéis para aumentarem as estrelas em sua classificação o uso de carpetes nos quartos, bem como, um café da manhã fora dos padrões da cultura e culinária brasileira. Esse estrangeirismo copiado dos padrões do estilo de vida americano, trouxeram vários desastres na de implantação de uma "política de turismo" direcionada exclusivamente para a recepção ao turista estrangeiro. Esse descompromiso com a população no que se refere ao turista nacional pode ser uma pista sinalizadora que a Embratur foi criada principalmente para moldar uma imagem de:

1. Brasil gigante, em que a ditadura prendia, torturava, matava e empastelava os meios de comunicação;
2. Um nacionalismo ufanista e extremamente patrulhador, em que a vida só tinha sentido quando compartilhada das disciplinas de "Educação moral e Cívica" e "Estudos de problemas Brasileiros";
3. Um processo de casernização da vida civil e da educação principalmente nos seus conteúdos obrigatórios e delimitado dentro de padrões rígidos de censura;
4. Um processo de cultura seletiva em que os princípios do amor e liberdade dos enlatados americanos sacudiam as cabeças de nossa juventude;
5. A instalação da ideologia pró-americana e anticomunista, por meio de um processo de desmonte de qualquer instituição que representa-se perigo ao governo.
6. Exílio compulsório ou militar-judicial de cientistas, intelectuais brasileiros e militantes que poderiam ser mortos pelo governo militar. Que organizaram verdadeiras redes para divulgar o para o mundo o que estava acontecendo no Brasil.

Esse fatores vão exigir do governo a criação de uma estrutura que cuide da imagem do Brasil no exterior, que junto com os corpos consulares e embaixadas divulguem a idéia de um Brasil ordeiro, pacifico, exótico, anticomunista e pró-americano. Nesse sentido, aparece a Embratur para a função que foi criada estimular e dar as condições da implementação de uma "Política Nacional para o Turismo" e divulgar o Brasil no exterior.

Os escritórios da Embratur no exterior vão servir de base para ressignificar o processo econômico, político e cultural, segundo interesses do governo militar em um país que no período da ditadura proibia a apresentação do bale Bolchoy, as peças de Plínio Marcos, a indicação de Dom Hélder Câmara para o Prêmio Nobel da Paz, das musicas de Chico Buarque de Holanda, Gilberto Gil, Caetano Veloso e outros. Mas no exterior divulga, o carnaval, a mulata, o Rio de Janeiro e acaba sinalizando uma apologia a beleza da mulher brasileira nas praias ensolaradas, um passo para tipificar a idéia do turismo sexual que hoje faz do Brasil conhecido como a rota dos turistas que buscam meninas menores para a pratica do turismo sexual. Rufiões que se colocam como agentes de turismo negociam nos aeroportos, falando alemão, inglês, francês e italiano as crianças por dia, semanas e por hora.

Por quê a Embratur não divulga as propagandas que são feitas do Brasil no exterior no campo do turismo? e os fatos que ocorrem e ocorreram quando da representação do país nas feiras internacionais de turismo internacional, mostre-nos a reação da imprensa internacional para aquilo que o Brasil leva para mostrar no exterior. Será que existe censura?

Nada pode ser tão curioso do que compreender que o Brasil sempre procedeu e apostou no exotismo, como fator de mostrar a cara do Brasil no exterior, durante a primeira República o Brasil participa de uma feira internacional na França e o estande brasileiro expõe frutas nacionais e os índios botocudos que acabaram sendo fatores de extrema curiosidade durante toda a exposição.

O Brasil sempre apostou em suas belezas anatômicas, seja pelas referências contidas nas cartas de Pêro Vaz de Caminha, porém essa cultura ao corpo que só brasileiro sabe dar pela cor, ritmo, sensualidade, plástica e uma enorme pitada de erotismo. De uma geração que cultuou Marta Rocha que perdeu por duas polegadas, mas acabou sendo imortalizada como o símbolo de mulher brasileira.

Com isso, queremos dizer que trabalhar com a ocultação total da imagem da mulher brasileira, me parece uma estupidez e uma falta total de tato pois a mulher brasileira é considerada a mais cobiçada e bela do mundo. A nos e ao poder público cabe fazer a distinção da mídia que acaba criando a noção de mulher liberada e independente.

Conclusão

Pouco temos a festejar, pois somos uma categoria ainda muito despolitizada e com um inexpressivo censo crítico. A nós cabe entender essas limitações e buscar combater os inimigos dos turismólogos, que se caracterizam por aqueles discursos que:

1. Encaram a regulamentação da profissão como coisa desnecessária por meio do discurso despolitizante, infantil, reargumentando sua fala com base na "qualidade total" que como resposta imediata costura a ideologia do pragmatismo;

2. Combatem a regulamentação usando da lógica discursiva simplista que a mesma não criará empregos e portanto não é necessário lutar por essa causa;

3. Existem outras profissões não são regulamentadas e o mercado está à disposição dos mais competentes, não há necessidade de nenhuma formatação jurídica. Mas de pessoal qualificado capaz de garantir seu mercado de trabalho;

4. Se regulamentarmos a profissão, limitaremos o nosso campo de trabalho, deixando de lado atividades que poderão surgir e que necessariamente fugiria de nossa amplitude regulamentada;

5. Em nenhum pais do mundo a profissão de bacharel em turismo foi regulamentada, essa argumentação aparece como o ultimo recurso dos neoliberais para justificar suas posturas de fundamentação direitista. Na verdade a leitura que essas pessoas fazem da realidade não leva em conta a luta de classes como motor da história, mas sim, deslocam sua leitura para as técnicas de motivação, ou seja, de auto ajuda.

Enquanto essas questões vão ocorrendo, as lutas sindicais vão sendo retardadas, os alunos fortalecem a visão equivocada de que conteúdo pedagógico e política são questões que devem ser tratadas separadamente e fora do âmbito das salas de aula. Essa cultura de separação entre o acadêmico e o político, foi sendo colocada durante os vinte e cinco anos de ditadura militar. Amigos morreram por pensarem diferente, professores foram caçados, exilados, torturados e mortos, pois sempre lutaram pela liberdade de poder estender o censo crítico dos alunos, contra a ditadura, opressão e pela eterna liberdade de pensamento.

Por isso discente não se deixe levar pelas falas sedutoras daqueles que se dizem nossos amigos, mas na verdade lutam para que o turismólogo não amplie seu mercado de trabalho e não se reconheça como elemento transformador da realidade turística. Esses "amigos da onça" lutam para que nossa categoria não cresça e sim desapareça, pois em sua lógica todos podem vir a contribuir não necessitando de nenhum estatuto corporativo.

Pense, amplie seu censo-crítico e acompanhe a discussão atual que vem lá do Rio Grande do Sul e passa pela cidade de Maringá. Reflita quais os motivos que levaram entidades, pesquisadores e professores a tentarem desmobilizar nosso trabalho, por meio da lógica separatista de que política e academia devem estar desvinculadas. Será que eles entendem a lógica da luta de classes?



Muito se passou após o artigo ser escrito, em 2003, antes mesmo da criação do MTur. Conforme descrito por João dos Santos Filho, o que mudou de lá pra cá, para melhor e para pior? Você concorda com o prof. João em quais pontos? Já podemos comemorar?

16 de set. de 2010

Planejamento para a Copa 2014



No dia 08 de agosto de 2010, foi publicada no jornal Folha de São Paulo, reportagem de Filipe Coutinho, na qual segue na íntegra:

TURISMO TERCEIRIZA AÇÕES PARA A COPA

Ministério contrata FGV por R$ 7,6 mi para analisar potenciais das cidades-sedes e treinar profissionais

Com orçamento anual de R$ 4 bilhões e mais de 600 servidores, o Ministério do Turismo terceirizará o planejamento da Copa, evento sem precedentes para o setor.
O ministério gastará R$ 7,6 milhões para que os técnicos da FGV (Fundação Getúlio Vargas) analisem os potenciais turísticos das 12 cidades-sedes, além de elaborar material didático a ser ensinado a 306 mil camareiras, recepcionistas e garçons.

A terceirização do planejamento da Copa-2014 representa quase todo o investimento da pasta para o combate à exploração sexual infantil neste ano, que custará R$ 8,3 milhões -de acordo com a ONG Contas Abertas.

Os contratos foram firmados em fevereiro sem licitação, sob o argumento de que a FGV tem "notório saber para a realização de pesquisas na área de economia aplicada ao turismo".

A maior fatia do dinheiro será destinada a "mapeamento estratégico" das cidades-sedes, por R$ 4,6 milhões. Na prática, o ministério pagará para que a FGV liste os melhores investimentos e os principais gargalos.

"Com base nas avaliações em andamento, o ministério tomará novas iniciativas, otimizando a estratégia de atuação para a Copa do Mundo", explicou a pasta em nota.
O projeto saiu do papel em junho. Técnicos da FGV foram à África do Sul pesquisar o perfil do turista de Copa.

Foram entrevistados 4.850 turistas de 76 nacionalidades. O próximo passo será enviar técnicos para visitar as sedes para avaliar potenciais turísticos de cada região e investimentos a serem feitos pelo governo. A equipe de 40 pesquisadores começa a trabalhar em agosto.

A FGV também receberá R$ 2,9 milhões para produzir o material didático dos cursos para profissionais que terão contato com os turistas.

O monitoramento dos cursos ficará por conta da FGV, que criou um sistema de ensino à distância para analisar o desempenho dos alunos.

"A fundação, com sua expertise, orientará como devem ser construídos os planos pedagógicos a serem executados no programa do ministério e criará mecanismo de avaliação", afirmou o Ministério do Turismo.

São cinco disciplinas: ética e cidadania, importância do turismo na economia, imagem do Brasil, diversidade cultural no mundo e qualidade no atendimento.

Outros R$ 3,9 milhões foram destinados à Fundação Roberto Marinho, que ensinará inglês e espanhol a cerca de 80 mil profissionais do turismo. A ideia do ministério é investir R$ 440 milhões até 2014 com capacitação.

A previsão do governo é receber cerca de 600 mil estrangeiros durante a Copa.




OUTRO LADO: Governo diz que tem pessoal insuficiente

Segundo o Ministério do Turismo, a contratação da FGV (Fundação Getúlio Vargas) não equivale a uma terceirização do planejamento da Copa do Mundo de 2014.

"A contratação da FGV não é uma terceirização de atividades inerentes ao ministério. Seria inviável e antieconômico, por exemplo, enviar servidores para realizar pesquisa na África do Sul", afirmou a pasta em nota enviada à Folha.

De acordo com a assessoria, o Ministério do Turismo não teria funcionários suficientes para realizar o planejamento da Copa do Mundo de futebol nos moldes contratados com a fundação.

"Não há quadro de pessoal especializado para executar os objetos dos contratos", disse o ministério.

Segundo o governo, o valor de R$ 7,6 milhões se enquadra no mercado. "O valor das horas cobradas pela Fundação Getúlio Vargas está dentro da média de preços praticados no mercado e compatível com os serviços a serem realizados", informou.

"A instituição já comprovou ao Ministério do Turismo e à Embratur que é detentora de tecnologia e conhecimento sobre a matéria."

Procurada pela Folha, a Fundação Getúlio Vargas informou que não iria se pronunciar sobre o contrato firmado com o Ministério do Turismo. (FC)


O Ministério do Meio Ambiente tem mais de 4 mil servidores, contando com os funcionários do IBAMA. Este número, realmente não faz frente aos 600 servidores lotados no MTur, porém, se estes servidores não têm a expertise em Planejamento e Turismo, o que podemos pensar sobre? O que refletir sobre o MTur: é uma boa ação de planejamento a contratação da FGV?

10 de set. de 2010

Rio de Janeiro planeja criar 21 mil leitos hoteleiros para Copa e Olimpíada



Segue matéria de Bruno Boghossiam, publicada no Estado de São Paulo no dia 31/08/2010:

PAcote da Prefeitura apresentado à Câmara Municipal do Rio prevê 72% a mais de acomodações para a Copa de 2014 e a Olimpíada de 2016

A prefeitura do Rio apresentou no ultimo dia 30 à Câmara Municipal um pacote para estimular a construção de hotéis na cidade, com o objetivo de garantir acomodações para turistas, autoridades e delegações na Copa do Mundo de 2014 e na Olimpíada de 2016. Com propostas de mudança temporária na legislação urbanística e de redução de impostos, o Rio espera construir 21 mil quartos em seis anos – uma ampliação de 72% da oferta atual.

O ponto-chave da proposta é a autorização provisória para a construção de hotéis em bairros como Copacabana, na zona sul, Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes, ambos na zona oeste, onde novos empreendimentos do setor são proibidos. Para garantir a manutenção da infraestrutura turística após os eventos, os proprietários deverão se comprometer a manter o uso hoteleiro dos edifícios, evitando que sejam transformados em condomínios residenciais.

“No passado, a indústria da construção aproveitou incentivos para a hotelaria e ergueu apart-hotéis de 20 andares na Barra da Tijuca, mas hoje todos eles têm pessoas que vivem permanentemente lá”, afirmou o secretário municipal de Urbanismo, Sérgio Dias.

A permissão para a construção dos hotéis deve valer em dez bairros, apenas para empreendimentos que receberem licença para funcionamento até o fim de 2015. Apesar da liberação, os prédios deverão respeitar as restrições ambientais das regiões e os gabaritos vigentes.

Em Copacabana e no Leme seria autorizada a construção apenas nas vias internas, o que deixa de fora a cobiçada Avenida Atlântica. As orlas da Barra da Tijuca e do Recreio ficaram fora do pacote, que contempla apenas a Avenida das Américas e um trecho da Avenida Ayrton Senna.



Está prevista também a concessão de permissões para a construção de pousadas de ecoturismo em Guaratiba, zona oeste, e no Alto da Boa Vista, zona norte, áreas menos populosas e com vegetação natural. São Conrado, zona sul, Deodoro e Realengo, ambos na zona oeste, e Ilha do Governador, zona norte, também estão incluídos no pacote.

O projeto, que ainda precisa ser discutido e votado pelos vereadores, prevê uma renúncia fiscal de R$ 34,5 milhões. Os empreendimentos estarão isentos do Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) e do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) até a emissão da licença de funcionamento, e terão uma redução do Imposto Sobre Serviços (ISS).

Oferta
O Rio tem cerca de 29 mil quartos de hotéis, mas precisa de 50 mil para atender à demanda exigida pelo Comitê Olímpico Internacional. Com os incentivos e o calendário de grandes eventos previstos para a cidade, a Prefeitura acredita que as 21 mil novas vagas estarão disponíveis até os Jogos Olímpicos.

Mais cautelosa, a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Rio aposta na criação de 10 mil quartos até os Jogos Olímpicos. “Em seis anos, se nós crescêssemos normalmente, teríamos 6 mil novos quartos até 2016. Com esses incentivos e com a exposição da imagem do Rio diante da Copa e da Olimpíada, podemos chegam a 10 mil novos quartos, facilmente”, avalia o presidente da entidade, Alfredo Lopes.

PONTOS-CHAVE

Pan-Americano de 2007
O Velódromo e o Parque Aquático Maria Lenk, na Barra da Tijuca, e o Estádio Olímpico João Havelange, no Engenho de Dentro, ficaram subutilizados após o evento.

Custo
Só a manutenção anual do Velódromo e do Parque Aquático (foto) era de R$ 5 milhões. Por isso, a prefeitura do Rio passou a administração do complexo ao Comitê Olímpico Brasileiro (COB).

Copa de 2014
A reforma de R$ 720 milhões do Maracanã ainda está sendo licitada. Críticos temiam que a escola Arthur Friedenreich, vizinha do estádio, fosse demolida, o que foi negado pelo governo do Estado.

Olimpíada de 2016
Com os eventos concentrados na Barra da Tijuca, a prefeitura do Rio pretende colocar parte da Vila de Mídia na zona portuária e criar incentivos para empresas se instalarem na região.


Como o poder público pode "interferir" no mercado com leis para aumentar sua capacidade? Em que cenários estes 21 mil novos leitos serão absorvidos pelo mercado após os mega eventos? Estamos realmente prontos para receber estes eventos?

Abraços e boa discussão.

4 de set. de 2010

Turismo de Saúde tem novo regulamento

No dia 27/08/10, a Folha de São Paulo publicou no caderno de saúde a matéria sobre os novos regulamentos do Turismo de Saúde no Brasil.

A coluna de Cláudia Colluci segue na íntegra:

O turismo de saúde no Brasil ganhará normas. Estrangeiros a serem operados no país deverão passar por novas consultas e exames, mesmo que eles já tenham sido feitos no exterior.

O seguro de saúde internacional também terá de se comprometer previamente a arcar com despesas de eventuais intercorrências médicas, além de garantir a volta do doente ao país de origem.




As normas, obtidas com exclusividade pela Folha, foram formuladas por uma nova associação criada por entidades representativas de médicos, hospitais e empresas ligadas ao turismo. Serão apresentadas hoje em um evento internacional de turismo em São Paulo.

O mercado de viagens internacionais para tratamentos médicos gera US$ 60 bilhões por ano no mundo. No Brasil, não há dados oficiais. Segundo o Ministério do Turismo, 180 mil estrangeiros vieram ao país para tratar da saúde nos últimos três anos.

São Paulo tem sido o principal destino, seguido do Rio de Janeiro, Salvador e Recife. Especialidades como a cirurgia plástica, a odontologia estética e a oncologia estão entre as mais procuradas pelos pacientes estrangeiros.

O turismo de saúde ainda gera polêmica. Por um lado, há uma vontade das agências e dos hospitais em expandir seus negócios.

Ao menos cinco instituições paulistas -Albert Einstein, Sírio-Libanês, Oswaldo Cruz, Samaritano e HCor- já passaram pelo crivo de certificadoras internacionais e recebem estrangeiros -muitos dos quais atraídos pelos médicos-grifes desses serviços.

Ao mesmo tempo, há um certo mal-estar nos conselhos médicos pelo "tom mercantilista" da nova área.

"Não temos nada contra ganharem dinheiro honestamente, mas a medicina tem aspectos humanísticos e humanitários que precisam ser preservados, seja o paciente japonês, africano, americano ou gaúcho", diz Frederico de Melo, tesoureiro do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Segundo ele, o CFM não tolerará que o médico esteja envolvido em qualquer atividade que configure conflito de interesse- como receber comissões ou ser sócio de empresas de turismo.

Ruy Tanigawa, secretário-geral da APM (Associação Paulista de Medicina), acredita que, com as novas regras, a ética médica estará resguardada. "Temos médicos e hospitais mundialmente reconhecidos pela excelência. Agora é só colocar as coisas nos eixos para que seja uma atividade de respeito, boa para todo mundo."

A novas regras preveem ainda o veto à participação de intermediários (agentes) entre o médico e o paciente. Estrangeiros não poderão fazer transplantes de órgãos no Brasil e nem usar o SUS.

Mariana Palha, sócia-fundadora da Medical Travel Brasil, vê com otimismo o crescimento do setor.

"Se a Índia, a Tailândia, a Malásia e Cingapura conseguiram consolidar o turismo de saúde, por que nós não o faríamos?", questiona.


Fluxo de estrangeiros cresce nos hospitais

Hospitais de ponta de São Paulo registram aumento de pacientes estrangeiros e estão investindo em equipes profissionais bilíngues para atendê-los não só dentro da unidade, mas também para ajudá-los com a hospedagem, documentos e lazer.

Todos eles têm certificações internacionais, que possibilitam o reembolso das despesas médicas pelos seguros-saúde do paciente.

O Hospital Israelita Albert Einstein, que atende há uma década pacientes estrangeiros, recebe anualmente 4.800 pessoas de outros países, a maioria vinda da América Latina, dos EUA e de Angola. O movimento tem aumentado 15% a cada ano, afirma Claudio Lottenberg, presidente da instituição.

O Hospital Sírio-Libanês mais do que quintuplicou o atendimento a estrangeiros entre 2006 e 2009 (de 387 para 2.190). Segundo Antonio Carlos Onofre de Lira, diretor técnico do hospital, norte-americanos, franceses e angolanos têm sido os principais clientes.

O HCor (Hospital do Coração) recebe mensalmente cem pacientes estrangeiros para cirurgias cardíacas de alta complexidade, ginecologia, cirurgia plástica, ortopedia e check-up.

A gerente comercial do hospital, Fernanda Crema, estima que, neste ano, o aumento do fluxo seja 50% maior do que em 2009.

Atualmente, os atendimentos internacionais representam 1% do faturamento do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, segundo José Henrique do Prado Fay, superintendente executivo.

No ano passado, os atendimentos representavam 0,5% do faturamento, estimado em R$ 384,4 milhões.

No Samaritano, 3% do total de atendimentos são de pacientes estrangeiros, especialmente da América Latina.

O turismo médico responde por 18% dos hóspedes dos hotéis paulistanos. A permanência na capital é de três dias em média.


Como avaliar as novas normas? O Brasil não tem os números de estrangeiros que fazem tratamentos nos hospitais brasileiros....o que acham disto? O turismo fere a ética médica? Em quais cenários?