
Ainda que a ministra Marta Suplicy não tenha formalizado sua saída do MTur, fica claro sua intenção de concorrer novamente à Prefeitura de São Paulo, na qual foi prefeita de 2000 a 2004 e canditada derrotada à reeleição em 2004.
A candidatura da ministra é tão eminente que o secretário geral do PT, José Eduardo Cardozo (PT-SP) declarou dia 15/03 para a Abril Notícias que sequer cogita a possibilidade da ministra não candidatar-se, apesar das recorrentes declarações da própria ministra de ainda estar indecisa.
O que chateia muitos, é que dentre os motivos que a ministra apresenta ao esclarecer sua indecisão, sempre elucida que as ações do ministério dão muito visibilidade.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (PSDB-AM), declarou ao BrasilTuris dia 15/03: "De repente ela sai e entra um ministro de verdade para cuidar do turismo".
O fato é que São Paulo é a maior cidade da América Latina e, como dito no msmo BrasilTuris em 15/03, com a eleição de Marta Suplicy à prefeitura, sua candidatura à Presidência da República em 2010 seria quase certa.

Marta tem até o dia 5 de junho para formalizar sua saída do Mtur e deverá adiar ao máximo dia decisão aproveitando-se da briga entre Kassab (DEM) e Alckmin (PSDB) pela preferência da antiga coligação que governa atualmente a cidade.
Como exigência, Marta solicitou 100% de apoio do presidente Lula à sua campanha, inclusive subida em palanques e discursos públicos; e o presidente aceitou. Até o apoio de seu ex-marido Eduardo Suplicy, que até ensaiou em se candidatar, Marta vai poder contar.
Como principal arma de campanha, o Partido dos Trabalhadors trabalhará com a defesa da gestão 2000-2004 de Marta na cidade, apresentado a gestão de Kassab (DEM) como apenas uma continuação sem tantos êxitos.
Porém, caso seja derrotada nas urnas, Marta não terá volta garantida ao Ministério, uma vez que o deixou.

Contudo, alguns fatores deixam a ministra com fortes barganhas:
1 - O turismo teve um crescimento de 13% e as empresas de 23% no último ano.
2 - Hoje o turismo é o quarto item de exportação do Brasil, superando a indústria automobilística.
3 - O programa lançado pelo Ministério do Turismo, o Viaja Mais – Melhor Idade tem sido um sucesso.
4 - Desde 2003 houve um aumento de 74% nas divisas deixadas pelos turistas estrangeiros no país.
5 - Há uma expectativa viável de receber no ano de 2010, último ano do PNT, 7,9 milhões de turistas estrangeiros.
6 - Investimentos publicitários que se tem feito nos Estados Unidos foram pontuais.
7 - A nacionalização do Prodetur levou verba a inúmeros municípios.
É claro que, muitos deste números, foram deixados de presente pelo Walfrido dos Mares Guia, hoje, com cargo fundamental no governo Lula, o que prova que o cargo de ministro do Turismo é uma alavanca política incontestável para quem está afrente da instituição. O caso de Marta é claríssimo, dado fato de ter assumido o Mtur em março de 2007.
Algumas personalidade do trade turístico brasileiro se posicionaram à respeito do caso:

Mauro Schwartzmann – presidente do Favecc – Fórum das Agências de Viagens Especializadas em Contas Corporativas:
“A gente enaltece a criação do Ministério do Turismo, por ser exclusivo, no entanto novamente não teve seqüência. A gente lamenta, porque a ministra, por não ser uma pessoa ligada ao nosso setor, mesmo com todo esforço, não conhece o nosso negócio, mas fez, na verdade uma ponte para sua ascensão política”

Armando Arruda Pereira de Campos Mello – diretor superintendente da Ubrafe – União Brasileira dos Produtores de Feiras:
“O que fica de bom é que temos um plano nacional de turismo; as metas estão sendo atingidas, outras não. Se analisarmos o escopo do Walfrido (dos Mares Guia), ele era um otimista por natureza. O fator humano é preponderante, as pessoas é que fazem as coisas darem certo. Se resolvermos as questões de infra-estrutura todos os nosso problemas poderão ser resolvidos”

Kaká – Presidente da Abav – Nacional – Associação Brasileira das Agências de Viagem:
“É uma pena sua saída, num momento que aparentemente estava se integrando ao trade. Ela teve a inteligência de dar continuidade na política que vinha sendo empregada pelo Mares Guia. O mais importante é saber se (caso ela saia) quem vier possa dar continuidade ao plano. Quanto aos números poderias ser mais significativos; acho que nós começamos com números muito baixos, a economia do mundo está crescendo muito e o Brasil tem que aproveitar o bom momento, eu acho que esses números embora bons, deveriam ser melhores”

Eduardo Sanovicz – diretor de eventos da Reed Exhibitions Alcântara machado:
"A saída dela não tem relação com o turismo, mas se deve a uma outra agenda, a eleitoral, e ela é um dos grandes nomes para disputar a prefeitura de São Paulo, candidata na qual eu vou votar, diga-se de passagem. Eu creio que ela teve uma passagem interessante e positiva, deu mais visibilidade ao ministério".

Eduardo Nascimento – presidente da Associação Brasileira de Representantes de Empresas Marítimas (Abremar):
"A saída dela não alterará nada. Acho inclusive que esses números são fictícios, já que 40% dos viajantes sempre foram da melhor idade"
Juarez – vice-presidente da Abav Nacional – Associação Brasileira das Agências de Viagem:
"O que eu temia aconteceu. Quando ela foi nomeada meu medo era que ela viria cumprir um mandato tampão. Foi o o que ocorreu, e isto não é bom para o ministério, para as empresas, e para o turismo. Acho que não deveria ter entrado se iria sair. Agora teremos que começar tudo de novo. É uma mulher capaz, tem todas as condições de ser uma ótima ministra, mas prefere a política".
E você turismólogo? Qual é sua postura crítica sobre estes 12 meses de gestão da ministra frente ao Mtur? O que está por traz, ou sempre esteve por traz da presença de Marta Suplicy no ministério? Quem poderá ou deveria ser o novo ministro? Vai tarde? ou Que pena?
Lebrem-se, isenção partidária é fundamental para um turismólgo.
Que o debate seja profundo, crítico sugestivo.
Até quarta.
Abraços,
Dirija com prudência.