
O assunto mais discutido no mundo se faz necessário em nossos debates.
Na última semana, os Estados Unidos da América bateram o recorde de comparecimento nas urnas, já que as eleições por lá não são obrigatórias, e elegeram o primeiro presidente negro da história do país: Barack Hussein Obama.
Com votação apertada em número de eleitores (48 milhões contra 44 milhões de seu adversário) mas com grande vantagem em número de delegados (218 contra 156), Obama se tornou presidente da maior potência financeira do mundo.
Muito carismático e sempre suportando toda pressão e críticas, Barack Obama acaba de escrever uma "epopeia moderna", segundo O Globo: a história de um candidato improvável, que até há pouco tempo, poucos veriam na Casa Branca.

Nascido no Hawai, filho de um queniano com uma americana, foi criado pelo padrasto indonésio e cresceu entre o Kênia, a Indonésia e os Estados Un idos, onde sempre foi descriminado. Mesmo assim, depois de se formar em Ciências Políticas entra para Harvard onde se forma em Direito.
Se tornou em 2004 o único negro no Senado e nas prévias para candidatua à presidência, derrotou a ex-primeira dama Hillary Clinton, que tinha o apoio de muitos americanos por um trabalho junto à saúde e educação muito elogiado enquanto primeira dama e senadora.
Sua campanha contou com voluntários que trabalhavam para recrutar novos eleitores, incusive no campo republicano, mas o grande sucesso foram as doações para campanha advindas de pequenas empresas.
Mas foi com seu carisma e um discurso muito atual, que conseguiu se eleger:
“A única forma de resolvermos os nossos problemas neste país é através da união de todos, negros, brancos, hispânicos, asiáticos, novos, idosos, deficientes, gays, heteros. Penso que é isso que nos deve guiar”,
Sua campanha, aliás, insistiu bastante no quesito igualdade: “Digam-lhes como desta vez, neste grande país, onde uma rapariga de um bairro pobre de Chicago pode ir para a universidade, estudar direito. E o filho de uma mãe solteira do Hawai pode chegar à Casa Branca. Assumimos o compromisso de construir o mundo tal como ele deve”, discursou sua mulher Michelle.
Após a confirmação de sua vitória, houve comemoração nas proximidades de Harvard, fato inédito nos últimos 40 anos.
Enfim, o que parecia impossível de acontecer se concretizou. Um negro na Casa Branca. Barack Hussein Obama é o novo presidente da nação berço da democracia liberal e saudosistas gritam que o sonho de Martin Luther King enfim foi realizado.
Bush, cuja baixa popularidade ajudou Obama a vencer, disse que vai fazer o que puder para ajudar Obama na transição. Nesta segunda dia 10/11, se reunirá com Obama para tratar dos assuntos de crise na economia, guerra no Iraque e transição inclusive.

DISCURSO DA VITÓRIA: “Esta é a resposta de novos e velhos ricos e pobres, democratas e republicanos, negros, brancos, hispânicos, asiáticos, índios americanos, gays, heteros, deficientes e não deficientes. É a América que envia uma mensagem ao mundo. Nunca fomos apenas uma junção de pessoas ou de estados vermelhos ou azuis. Somos e sempre seremos os Estados Unidos da América”.

Discurso do reconhecimento: “Estava para acontecer há muito tempo mas esta noite, pelo que fizemos neste dia, nesta eleição, neste momento decisivo, a mudança chegou à América”.
Obama oferece seu rosto mestiço à um país rachado por racismos, segundo cientista político americano Sullivan.
Porém, nem tudo é mum mar de rosas para Obama. Sua integridade é colocada em cheque a todo momento em diversas acusações:
Acusação 1: À rumores, e a fonte principal seria seu próprio irmão, que Obama teria nascido no Quênia e não no Havaí.
Acusação 2: O filósofo Olavo de Carvalho, compara a eleição de Obama com a de Lula no Brasil, e ainda agrava a situação dizendo do sentimento do americano era de extrema pressão e chantagem emocional: "já que só o fato de você se opor ao candidato negro, mesmo que as críticas fossem válidas e coerentes, fazê-las era pretexto para agüentar acusações de racismo ou mesmo boas pancadas, mesmo que as críticas nada tivessem a ver com racismo. No Brasil, na época das eleições de Lula, se o indivíduo era contra ele, já despencavam palavras como: fascista, nazista, reacionário e elitista."
Acusação 3: Pesquisadores americanos examinaram o livro de memórias de Obama, o Dreams of My Father, e, usando métodos computadorizados de investigação de autoria, concluíram que este não foi escrito por ele, mas, sim, por William Ayers, o terrorista com o qual Obama jurava não ter tido senão contatos raros, ocasionais e sem nenhuma importância.
Acusação 4: Artistas como a Opra Winfrey, que é a favor do aborto apóiam Obama, que aliàs também é a favor.
Acusação 5: Artigos de Stanley Crouch (What Osama isn’t: black like me) e de Debra J. Dickerson (Colorblind), que são intelectuais líderes de movimentos negros de nível nacional nos EUA, sequer consideram Obama um negro.
Acusação 6: Céticos de plantão apontam Obama como um jovem que foi usado para chegar ao poder e matê-lo com mais carisma e popularidade. Um fato a se considerar é de que o ex-presidente e também democrata Jimmy Carter (1977 - 1981), é ridicularizado até hoje por não ter participado em nenhuma guerra. Em suma, muitos temem que nada irá mudar radicalmente como prometido, apenas irão ocorrer mais ações junto às minorias para reduzir a rejeição no governo atual.
Diante dos olhos de todo o planeta, pode ter havido algum tipo de ilegalidade?
O fato de o presidente ser negro, branco, amarelo ou azul não implica que este seja um bom ou mau gestor?
Os que o atacam são os racistas? Céticos? Conservadores extremistas?
Todo o consentimento da imprensa e da elite social e política americana dá realmente a impressão de jogo de cartas marcadas?
O que mudará no mundo com o governo Obama?
Boa discussão e até quinta que vem.