21 de out. de 2010

O PAGAMENTO DE GORJETAS – O BRASILEIRO É PÃO DURO, OU SIMPLESMENTE MAL ORIENTADO?

O tema desta semana traz um questionamento de Martin Jensen, presidente da Queensberry Operadora e um dos blogueiros do Portal PANROTAS.



O PAGAMENTO DE GORJETAS – O BRASILEIRO É PÃO DURO, OU SIMPLESMENTE MAL ORIENTADO?

Duas conversas recentes me fizeram ponderar porque os Brasileiros em geral são aparentemente cada vez “menos generosos” na hora de pagar gorjetas.

A Queensberry opera mais de 300 viagens em grupo todo ano e sempre informamos os clientes que todas as gorjetas (aos guias locais, aos motoristas e aos carregadores) são incluídas no preço publicado, com a única exceção da “tradicional gorjeta” ao guia permanente no final da viagem, que fica a critério de cada passageiro. Conversando com um dos nossos mais experientes guias, ele me informou que os valores que ele e seus colegas recebem são cada vez menores, mesmo que os passageiros continuam dando “nota 10” à atuação do guia permanente nos ”opinários” que completam no final de cada viagem.

Conversando com o Guest Relations Officer a bordo de um dos navios da Princess Cruises, ele me contou de um caso bem mais sério! Quase todos os navios grandes cobram gorjetas (em torno de US$ 10.00 por pessoa por dia) que normalmente são recebidas dos passageiros em envelopes na última noite do cruzeiro; estes valores são destinados às camareiras, aos garçons e ao maitre D, formando assim uma parte substancial da remuneração dos mesmos. Se, por algum motivo, um passageiro achou o atendimento a bordo inferior ao esperado, ele tem sempre o direito de recusar o pagamento, mas isso quase nunca acontece. Mesmo que eu pessoalmente nunca concordei com esta política – acreditando que o preço do cruzeiro deveria incluir a remuneração total dos funcionários em todos os níveis – a política é quase universal e os passageiros sempre recebem informações sobre esta cobrança na hora de comprar o cruzeiro.

Alguns anos atrás, a Princess Cruises adotou a política de debitar este valor (US$ 120.00 por pessoa para um cruzeiro de 12 noites) na conta dos extras dos passageiros, em lugar de colecionar envelopes com dólares na última noite. Da mesma maneira de antes, um cliente pode exigir o cancelamento deste débito se ele não estiver satisfeito com o serviço a bordo.

No caso em questão, o Guest Relations Officer me contou que, num cruzeiro recente que tinha mais de 500 brasileiros a bordo, um passageiro descobriu que o débito na conta dos extras poderia ser estornado se o passageiro exigir, e imediatamente disseminou a noticia entre um grande número dos brasileiros a bordo. Logo se formou uma fila de brasileiros no Purser’s Desk, todos solicitando o estorno do referido débito – mesmo que ninguém tenha feito uma sequer reclamação quanto ao serviço a bordo. Entendo que nunca houve um caso semelhante em qualquer navio da Princess Cruises.

Eu me pergunto se esta aparente “falta de generosidade” pode estar relacionado com a falta de conhecimento das práticas no mundo lá fora, que deixa o brasileiro tão desorientado na hora de decidir quanto pagar que ele acaba pagando nada! Quem mora num país (o único do mundo?) onde taxistas nem esperam gorjetas, enquanto manobristas de restaurantes e flanelinhas recebem valores absurdamente altos, pode ser perdoado por faltar padrões lógicos sobre o valor a ser pago.

Como estrangeiro com residência permanente no Brasil, sempre achei e continuo achando os brasileiros o povo mais simpático e generoso do mundo – de fato o principal motivo pela minha decisão, há 29 anos, de emigrar da Inglaterra para morar aqui. Gostaria muito se alguém poderia explicar porque, então, não é bem assim na hora de pagar gorjetas !

MARTIN JENSEN

12 comentários:

erika disse...

Não acredito que seja má orientação ou simplesmente o fato de ser pão duro. Quando vou num bar, sei que ao final será cobrado o serviço de 10% do garçom, nunca me importei ou neguei pagar. Em hotéis também é assim, você fala que não tem taxas de serviços mais no final das contas acaba percebendo que já está tudo incluso, alguns tem o caráter de dar aquela porcentagem para seus funcionários outros não. Meu chefe por exemplo não gosta que os funcionários peguem gorjeta, ele acha que não é bem visto esse ato em empresas. Assim como os taxistas que dão 2,00 reais para os recepcionistas a cada táxi que eles pedem, na empresa que trabalho não deixa isso acontecer, preferimos que os táxis deixem os funcionários usarem os táxis pela metade do preço. Então cada empresa e empreendedor olham isso de formas diferenciadas, depende muito da empresa e de sua administração.

Juliane disse...

Acredito que o brasileiro é mal orientado, ou melhor, não é 'da cultura' do brasileiro dar gorjetas.

É complicado dizer que nós, brasileiros, temos a cultura de dar gorjetas por livre espontânea vontade para garçons, manobristas,camareiras e outros.
Não fomos (a maioria da população) acostumados com esse tipo de atitude.
O que acontece, como mencionado no comentário da Erika, é a cobrança de 10% do serviço prestado.

Mas qual a garantia de que esse beneficio será, por exemplo, 'dado' ao garçom?

Darclíoce Nara disse...

Brasileiro não é mal informado, grande parte dos brasileiros não aderem à famosa gorjeta taxadas pelas empresas porque já sabem que na maioria das vezes não há retorno para os funcionários, ou até mesmo porque não é de responsabilidade do cliente contribuir para a remuneração destes, que nem no navio Princess Cruises que utiliza destes valores para formar uma parte substancial da remuneração das camareiras, garçons entre outros.
A meu ver a melhor opção não é incluir uma taxa nos serviços, a remuneração do empregado é de total responsabilidade do empresário, agora se na opinião do cliente o funcionário merecer uma remuneração extra, que esta seja paga diretamente para ele.

Unknown disse...

Eu vejo que o pagamento de gorjetas deveria ser opcional e o valor das mesmas dado de acordo com o que o cliente acha viável para ele. Acho um absurdo determinadas empresas estabelecer quanto de gorjeta um hópede deve pagar por dia para seus funcionários, já que ele já pagou o devido valor dos serviços prestados pelas empresas. Vejo que possíveis desmoralizações que podem ocorrer com um turista pelo fato de se negar a pagar gorjeta que é um direito dele, chega a ser uma falta de ética e respeito por parte da empresa em questão. Vejo como uma atitude muito sensata desses estabelecimentos de proibir os funcionários de receber gorjeta, isso mostra que a empresa se importa com seus funcionários e que eles ganham o devido valor que seu serviço representa para a empresa em questão.

Tamara disse...

Dar gorjeta é significado de boa prestação de serviço, porém ás vezes, o brasileiro quando está entre amigos paga para não parecer "egoísta". O ato de dar gorjeta acontece normalmente quando a pessoa visita o local mais de uma vez, ficando consciente dos serviços e do tanto que o outro trabalha para satisfazer as necessidades/vontades do cliente. Creio que a gorjeta seja um incentivo, e colabora no final do mês, isso se o dinheiro for entregue pessoalmente,e não como acontece em muitos lugares, onde a taxa cobrada por serviço do garçom é revestido para a própria empresa. Aconselho á "doarem" alguns centavos, porém entregando-os pessoalmente.



Mas, pensando por outro lado, quando tiveres poucos centavos, é viavél dar para estas pessoas que trabalham e já tem sua renda mensal, ou dar para aquele mendingo que está lhe esperando na esquina do lugar onde visitou, demostrando muita fome?

wilson disse...

Acredito que o brasileiro é mal orientado, ou melhor, não é “da cultura”do brasileiro dar gorjetas.
Em alguns estabelecimentos, serviços já estão embutidos os 10% ou gorjeta. Mas Respondendo a pergunta da Juliane, Qual a garantia de que esse beneficia será, por exemplo, 'dado' ao garçom?
Em meu serviço não recebemos os 10% mas não podemos dizer aos clientes que não recebemos dizemos que é repassado a todos os funcionários uma premiação total dos lucros dessa taxa e divido aos funcionários uma porcentagem também sobre o lucro da taxa.
Mas depende de cada empresa, serviço, mas como já tinha dito não é 'da cultura' do brasileiro dar gorjetas.
Tendo também uma lei que não é obrigatória de pagar a taxa de 10%.

Muriel Cipriano disse...

Concordo com a Juliana, acredito que a ação de dar gorjeta esteja ligada à falta de orientação do brasileiro ou pelo fato de o brasileiro seja pão duro, acredito não faça parte de nossa cultura dar gorjeia.
A solução encontrada pelos empreendedores foi incluir o valor da gorjeta no valor da conta, mas será que este valor será repassado para o garçom?
Penso que a gorjeta deve ser paga de maneira voluntária como resposta ao bom serviço prestado, mas esta ação ainda não faz parte do cotidiano do brasileiro.

Teo disse...

Pelo simples fato de presenciar o pagamento dos polêmicos 10% e ainda ver clientes dando gorjeta aos garçons, creio que o problema não é falta de dinheiro ou má fé. Acho que é um hábito comum, as vezes dar gorjeta outras vezes não, para alguns mais, para alguns menos. Não existe padrão para um ato de generosidade assim no Brasil, como o texto já nos disse. E por fim, também não aprovo a política internacional de forçar isso, inclusive estipulando valores. Uma vez que é um ato de boa fé, deixemos que o mesmo aconteça de força natural.

NAYARA disse...

Acredito que o brasileiro não seja tão pão duro assim, o problema é que infelizmente nosso país não tem uma cultura de dar gorjetas altas em cima dos variados tipos de serviços prestados pelos funcionários, principalmente na área de Turismo. Sendo assim, pelo que já li em algumas reportagens de revistas, no exterior o pagamente de gorjetas é extremamente aceitável pela população, ou seja, as pessoas estão acostumadas com esse procedimento, e por mais que esses países não tenham como principal característica a generosidade, os valores das gorjetas geralmente são altos. Portanto, não questiono a generosidade como um fator que impede ou não o pagamento de gorjetas. Realmente sabemos que o povo brasileiro tem uma simpatia e força de vontade de ajudar o outro como ninguém, claro que não vamos generalizar porque tem muita gente ruim também. Contudo, está mais do que claro que não vemos essa característica em qualquer cidade do Brasil, o recebimento de gorjetas é muito baixo na maioria dos serviços prestados, e ainda há quem reclame no caso de restaurantes, do pagamento de 10% para os garçons, compreendo que muitas vezes esse dinheiro não é repassado para o funcionário, mas muitas das vezes quando é, o cliente também não quer pagar.
Enfim, como disse anteriormente entendo que o brasileiro não tenha a cultura de pagar gorjetas, pois não estão acostumados com essa gentileza e também porque a partir do momento que é falado para ele colocar a mão no bolso para oferecer alguma quantia a um prestador de serviços, ele acha que é um absurdo, que já pagou pelo serviço completo antes, ou seja, muitas vezes o cliente sente-se explorado pagando qualquer valor a mais para um funcionário.

Cristiana disse...

Concordo com os colegas que não fomos educados a dar gorjetas. O que acontece é que bares ja cobram esses 10% e nos sempre pagamos por ele... Mas existem pessoas que se negam a pagar. Eu entraria nesta lista para nao pagar essa taxa se realmente fosse mau atentida, o que acontece muito em nossa cidade. Agora se sou bem atendida nao so dou os 10% como sempre que sobra um troco ainda dou para a pessoa que me atendeu muito bem.

Creio que isso varia muito. Olha eu digo por experiencia propria que quando estava trabalhando como interpetre no Congresso Mundial da Raça Brahma ajudei muitas pessoas e muitas delas me retribuiram porque em diziam que eu era otima no que eu estava fazendo, pois fazia ate mais do que eu era paga pra fazer. Levava grupos de pessoas para passearem em shoppings, dava carona, emprestava celular para fazerem ligações.

Acho que a questão de dar gorjeta primeiramente deve vir de educação.. e muitos a esquece em casa. e depois da forma pela qual for atendida, afinal se vc for mau atendida, não vai querer pagar nem os 10%.

Gostaria de ressaltar que acho um absurdo essa empresa de cruzeiros, cobrar por essa taxa, mas pelo menos a pessoa pode nao pagar se achar que foi mau atendida.

Flavia V. disse...

nem um nem outro.muitas vezes notamos que as taxas de gorjetas sao mau direcionadas, não sendo destinadas as pessoas que por direto as merecem.se sabendo desta falta de carater em relação ao repaso dos serviços, muitos se negam a pagar tal serviço, pensando que muitas vezes, tais gratificações não passam de uma forma nociva, com a ma intensação de aumentar os gastos com a desculpa de recompença das pessoas que as executaram.

angela disse...

como debatemos, mal orientado.. eu acho que cada regiao tem uma cultura, e se é de costume dar-se gorjeta na europa ou nos eua por exemplo o brasileiro deve ir ciente disso e disposto a isso.
claro que nao pode haver diferença no tratamento.